Segundo o IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – o valor das poupanças dos portugueses confiadas ao Estado em Certificados de Aforro era 32 550 milhões de euros no final Maio, enquanto a divida directa total de Estado era 290 659milhões de euros – nunca foi tão alta – obrigado PS.
O secretário de estado das finanças disse na AR que a baixa da taxa de juro dos certificados era para “alinhar a taxa de juro com o mercado” e disse estar preocupado com o volume dos juros a pagar às poupanças dos portugueses, em minha opinião é falso. Não se mostrou preocupado com os milhares de milhões de euros em juros pagos anualmente pela dívida externa.
É um discurso contraditório em si mesmo
Enquanto que os juros pagos aos aforradores ficam no país e dirigem-se para a economia real através do consumo ou do investimento, os juros pagos aos credores estrangeiros é dinheiro que sai do país e já não volta, é riqueza que o país perde, escoa-se entre os dedos dos portugueses para os cofres dos grandes grupos financeiros internacionais. O SE frisou que a taxa de juro de 3,5% era alta, esqueceu-se de dizer que o Estado fica com 20% desse valor através do imposto de rendimento, ou seja, a taxa de juro real era efectivamente de 2,8% e agora na série F ficou em 2,0%, enquanto que a inflação ronda os 5%, isto para fazer um favor à banca que não quer pagar mais de 1% aos depositantes enquanto que a taxa média na EU é superior a 3%. Resumindo: temos os salários mais baixos, pagamos mais impostos e recebemos menos pelas poupanças – acorda Povo!
Bastou que o presidente de um banco dissesse numa entrevista que os certificados de aforro tinham uma taxa de remuneração muito alta para o governo se apressar a pagar menos pelas pequenas poupanças. Isto não é submissão, é outra coisa qualquer.
Quando os Certificados de aforro foram criados, no tempo do antigo regime, o objectivo foi captar as muito pequenas poupanças de quem não tinha capacidade de negociação com a banca, daí que o valor mínimo de subscrição fosse de 100 escudos (hoje 50 cêntimos).
Em minha opinião o óptimo seria substituir a divida externa por divida interna, o que não é possível porque não temos poupança suficiente para isso, ficaríamos menos dependentes dos interesses financeiros internacionais, os quais têm capacidade de comprar governos de muitos países no sentido de satisfazerem os seus interesses.
Creio que os governantes portugueses já têm idade para não utilizarem argumentos falaciosos com o objectivo de ludibriarem o pobre povo português.