Este ano a quarta-feira de cinzas coincide com a Lua Nova. Tal fase lunar ocorre quando a Lua se situa na direção do Sol, sendo ofuscada por este. Igualmente por estes dias os planetas Júpiter e Neptuno encontram-se em direções muito próximas da solar, só sendo observáveis (com binóculos no caso de Neptuno) mais perto do final do mês.
Igualmente neste mesmo dia 2 ocorre a conjunção (maior aproximação) entre os planetas Mercúrio e Saturno. Mas enquanto Saturno será visível ao final da madrugada durante todo o mês, Mercúrio ir-se-á aproximando rapidamente da direção do Sol, deixando de poder ser visto a meados de março.
Na noite de dia 8 a Lua apresentar-se-á junto do aglomerado estelar das Plêiades (também chamado de Sete-Estrelo). Para quem tiver alguma imaginação este conjunto de estrelas que se formaram juntas parece um exame de moscas sobrevoando o dorso da constelação do Touro. Dois dias depois, i.e., aquando do quarto crescente de dia 10, a Lua já se terá deslocado até à ponta dos chifres desta mesma constelação.
A seu turno, a última Lua Cheia deste inverno terá lugar no dia 18 junto à constelação da Virgem, enquanto o nosso satélite natural só atingira a fase de quarto minguante na madrugada de dia 25, estando já bem a meio da constelação de Sagitário.
Mas antes destas duas efemérides, no dia 16 teremos a conjunção dos planetas Vénus e Marte e depois delas, teremos uma nova conjunção planetária na madrugada de dia 29, desta vez envolvendo Vénus e Saturno.
De notar que por estes dias Vénus encontra-se numa direção bastante afastada da solar, atingindo a sua maior elongação (afastamento) para oeste na manhã do dia 20.
À medida que a Terra se vai deslocando ao redor do Sol, este nos vai aparecendo projetado contra diferentes regiões da esfera celeste. Assim, desde o início do ano o Sol tem parecido deslocar-se cada vez mais para noite. Assim às 15 horas 33 minutos de dia 20 o Sol aparecerá projetado acima do equador celeste, em consequência de se encontrar por cima do equador terrestre. Tal alinhamento igualmente implicará que os hemisférios norte e sul terrestres estarão iluminados de igual forma, daí o nome desta efeméride: equinócio. A partir deste instante o nosso hemisfério passará a ser o que está mais iluminado, dando assim início à primavera.
Outra das consequências do Sol “ir-se deslocando” cada vez mais para norte é que aos poucos este vai nascendo mais cedo. Uma forma simples de aproveitar estes minutos extra de exposição solar é levantando-nos cada vez mais cedo. Para tal ou adiantamos o despertador ou adiantamos a hora: este último é o princípio por detrás da mudança para a hora de Verão. Em Portugal esta mudança de hora acontece à uma hora da madrugada (hora continental) do último domingo de março. Em 2022 tal irá ocorrer no dia 27.
A última atividade deste mês será ver como entre as madrugadas de dia 28 e 30 a Lua ter-se-á deslocado da constelação do Capricórnio (onde encontraremos os planetas Vénus, Marte e Saturno) até junto de Júpiter.
* Fernando J.G. Pinheiro é investigador do Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e do CITEUC – Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra.