Sabendo nós, por experiência própria, das fragilidades que esta Região possui em várias áreas, e que vão tendo efeitos no dia a dia das populações residentes, mas também para os milhões de turistas que todos os anos nos visitam, não posso deixar de abordar algumas que me parecem extremamente importantes no dia a dia dos Algarvios.
Conhecendo-se um pouco da importância dos transportes no Algarve, é evidente uma atenção especial sobre o funcionamento dos mesmos numa escala regional, e não apenas concelho por concelho.
O que existe é, efectivamente, uma carência enorme de transportes a nível regional, não só de autocarros mas também de comboios.
Só não é maior, porque desde há vinte anos atrás que as autarquias chamaram a si a responsabilidade de colocarem à disposição dos utentes, um conjunto de circuitos, em especial, nas zonas urbanas, e aí com a componente também social, já que os utilizadores, quer os mais idosos quer os estudantes, começaram a ter passes especiais de utilização.
Foi e continua a ser, uma realidade muito positiva e a verdade é que os circuitos vão aumentado e alguns já passaram ou vão passar das zonas urbanas para outras rurais, procurando assim criar as condições para uma Mobilidade total em todos os Municípios.
Sabendo nós que algumas zonas do Barrocal e da Serra, cada dia que passa, vai ficando com menos pessoas derivado exactamente à falta de condições para a sua fixação, e em alguns casos pelo encerramento de serviços públicos, e outros pela falta de transportes necessário à sua mobilidade para foras desses locais onde habitam.
Se às necessidades dentro dos Municípios, de uma forma ou de outra, se vão minimizando com a grande preocupação dos autarcas, a verdade é que a grande dificuldade consiste em criar uma rede global para a região, com ligações quer a norte (Alentejo) quer a Andaluzia, já que temos fortes ligações com estas duas regiões fronteiriças.
Estamos num mundo cada vez mais global, com ligações a tudo e a todos, e certas vezes até demasiado ligados, mas isso tem a ver com os avanços tecnológicos e outras formas de comunicação.
Mas estamos no Algarve, uma região com alguns milhares de habitantes e milhões de visitantes. Visitantes esses que gostariam de visitar e usufruir das belezas do interior algarvio, e essas visitas podiam ser reforçadas se houvesse transportes públicos a circular que seriam rentabilizados com estes Utilizadores, e também por aqueles residentes que se deslocam a sul para tratar das suas vidas pessoais e profissionais.
Sabemos que a AMAL chamou a si, e em boa hora, a questão da Mobilidade na Região, e com isso a abertura de um concurso para criação de transportes em todo o Algarve, que esperamos venha a dar respostas concretas e objectivas às necessidades das populações.
O que se espera é que essa rede funcione, quer em termos de localidades a serem servidas, quer nos horários disponibilizados, já que são fatores fundamentais para o sucesso ou insucesso do projecto.
Num contexto de valorização de uma região impõe-se criar todas condições, para que um projecto como este seja um verdadeiro sucesso.
Impõe-se pelo facto de, para além da mobilidade que trás ela possibilita, que os residentes nas zonas fora do litoral algarvio se desloquem para os seus locais de trabalho, e são muitos em transportes públicos reduzindo com isso o numero de veículos nas estradas com poupanças para os próprios, mas também, para uma redução da pegada ecológica, uma das grandes preocupações nos dias de hoje e obviamente contribuirá para menos alterações climáticas.
Seria, como é óbvio, extremamente importante para todos.
Temos outra componente regional que é o transporte ferroviário.
Este em Lagos e Vila Real Santo António com material circulante a nível de terceiro mundo, e com horários nem sempre compatíveis com as necessidades das pessoas.
Aqui o que se pede, e com urgência, é a electrificação da linha férrea entre Lagos e Tunes.
Carruagens a condizer com o século XXI, e obviamente horários compatíveis.
Aqui juntar a necessidade de mais ligações a Lisboa, em determinadas alturas do ano, mas com comboios onde os horários sejam respeitados e tenham ar condicionado, ao contrário de alguns que foram colocados no último verão.
Assim não!
Um País no topo do Turismo Mundial com o Algarve como maior referência nacional, não pode ter ofertas destas, que nada dignificam a nossa imagem. Para além de que os passageiros nacionais precisam de melhores condições de transporte para as suas necessidades pessoais e profissionais.
É uma boa altura para os nossos governantes (Algarvios) olharem para estes problemas, que infelizmente não são poucos.
Pensem nisso!
O Algarve Agradece!