A actual situação de evolução rápida da tecnologia, e consequentemente do modo de produção, que provoca o desemprego tecnológico, exige uma reflexão profunda da educação, da formação e reconversão profissional de adultos para que estes tenham a capacidade real de adaptação às novas exigências do tecido económico.
Na minha opinião, foi um erro enorme a extinção do ensino técnico profissional das escolas, a seguir ao 25 de Abril, em nome da igualdade. Somos todos diferentes, cada um de nós tem uma inteligência específica, devemos é ter todos oportunidades iguais e podermos chegar todos nas mesmas condições à universidade.
É habitual ver-se a confusão total, ao nível político, dos conceitos de educação, de formação e de reconversão profissional de adultos. Juntam estes três conceitos no de educação de adultos e confundem as idades dos 20 anos com as idades dos 60 anos. Todavia, estes conceitos são diferentes de Educação Permanente a qual é confundida muitas vezes com a Formação de Adultos ocasional ou temporária.
O conceito de Educação de Adultos é utilizado muitas vezes no sentido da Formação de Adultos, pelo que há que distinguir estes dois conceitos. O primeiro remete para um sistema escolarizado e formal. O segundo remete para um ensino/aprendizagem de âmbito profissional em contexto escolar ou de empresa, de forma intermitente para dar resposta às necessidades do sistema produtivo. A este propósito Canário (1999, 33) distingue “educação de adultos” de “formação de adultos”. A primeira estaria ligada à tradição escolar, enquanto que a segunda seria utilizada para significar a formação profissional. Este autor concebe a educação de adultos como sendo uma Educação Permanente num processo global no espaço, considerando todos os lugares em que o adulto vive, convive, trabalha e se diverte, bem como contínuo no tempo, em todas as fases da vida: infância, adolescência, juventude, vida adulta e terceira idade, desta forma enfatiza a dimensão cívica do ser humano.
Segundo a definição de Educação de Adultos, proporcionada pela Conferência de Nairobi em 1976, é a “totalidade de processos organizados de educação, qualquer que seja o conteúdo, o nível ou o método, sejam formais ou não formais, quer prolonguem ou substituam a educação inicial dispensada nas escolas e universidades e em forma de aprendizagem profissional, …”. (UNESCO: 1976, ¶ 2). Este é um conceito globalizante tal como é a própria vida do adulto nos diferentes níveis e contextos.
Não vou debater aqui o significado de cada um dos conceitos segundo as diferentes correntes de pensamento. Apenas quero salientar a necessidade premente de um sistema de reconversão profissional, que satisfaça as atuais necessidades das pessoas e das empresas. Esse sistema terá que assentar em aprendizagens no novo contexto de trabalho em que o trabalhador pretende integrar-se, sem que sejam as empresas ou os trabalhadores a suportarem os custos totais dessa reconversão profissional.
Este é um problema importante que deve ser debatido seriamente sem paixões partidárias.