Não só de peixe vive a cidade de Olhão. A vista da cidade mais típica de Portugal e Europa, relembrando uma povoação à beira do Mediterrâneo ou do Norte de África, é bem bonita.
A partir de certa elevação destaca-se uma panorâmica em tons azulados do Mar e da Ria Formosa, as ilhas Armona, Culatra e Farol, no centro os bairros brancos de açoteias e mirantes, o verde das quintas e da montanha. Vale a pena apreciar um pôr de Sol até ao final, para se sentir reconfortado e feliz.
Vários historiadores, escritores e poetas de Olhão descobriram-na desde há muitos anos. Entretanto, chegou o Turismo e agora discute-se como fazer uma torre e onde colocá-la, para dar a conhecer ao mundo a peculiaridade histórica dos pescadores que navegaram pelo Mediterrâneo desde o século XVII e do Rei que concedeu ao seu antigo Lugar, por mérito próprio, o título de Vila da Restauração.
Um dos historiadores, o Dr. Francisco Fernandes Lopes, o mais fervoroso deles, nunca deixou a sua terra, apesar da merecida fama como médico, escritor e musicólogo, convidando colegas portugueses e estrangeiros para visitarem a sua Vila, actualmente cidade. Fazia isso muitas vezes e sentindo-se feliz no papel de guia privilegiado, acompanhava-os até ao cimo da torre da Igreja de Nª. Sra. do Rosário, orgulhoso e explicando sabiamente a história lendária dos pescadores, e a razão por que a sua terra faz lembrar as do Norte de África e do Mediterrâneo.
Recordo-me dele a caminhar sempre apressado do seu consultório para a residência ou vice-versa, assim como a partir do café e da esplanada, na Rua das Lojas, trazendo sempre consigo um livro debaixo do braço.
Ainda hoje a torre dessa Igreja é e continuará a ser um lugar ideal para turistas e visitantes, mas não tem condições apropriadas para recebê-los, mesmo que seja um pequeno grupo. Apenas dispõe de uma escadaria muito íngreme sem corrimão, pouco espaço no topo ligado ao telhado da Igreja, sem vedação, sendo um perigo para pessoas de terceira idade e crianças.
Mas os turistas também gostam de um passeio a pé pelas ruas estreitas e tortuosas dos bairros típicos dos pescadores. Actualmente, muitos estrangeiros procuram lá casas e querem-nas para residência temporária.
Não há dúvidas que a cidade de Olhão é um destino turístico de grande importância, dada a sua singularidade atractiva em múltiplos aspectos.
A sua excelente gastronomia variada e saborosa em dezenas de restaurantes da avenida marginal e ruas circundantes, o movimento no cais de embarque dos ferry-boats para as Ilhas, cerca de meio milhão de passageiros, ano, os múltiplos parques de estacionamento, as esplanadas repletas de gente, os pequenos postos de aluguer de barcos para os mini-cruzeiros, os táxis-mar, pesca desportiva, caça submarina e fishing games. Todas estas estruturas oferecem programas para as praias da Ria Formosa e do Oceano Atlântico.
A frente ribeirinha ajardinada com mais de um quilómetro de extensão, na época balnear e fora dela, e as marinas ficam repletas de barcos, os dois grandes edifícios dos Mercados de Peixe e Verduras, à cunha, e os outlets aos sábados de manhã a transbordar de gente não deixam dúvidas sobre a originalidade deste destino. Os turistas gostam dos sabores de produtos frescos que vêm do mar ou das hortas. Da vizinha Espanha chegam out-boards que se dirigem para as pequenas enseadas frente às casas dos pescadores da Ilha da Culatra, no outro lado da Ria. Juntam-se às dezenas os iates de várias nacionalidades, que todos os anos lá ficam ancorados durante a época balnear, defronte aos restaurantes típicos que oferecem peixe e marisco pescados na madrugada; outros seguem pela passadeira de cimento em direcção às praias calmas de água transparente da costa atlântica. Há quem procure ficar a sós junto às dunas. Outros vão pescar à linha nos seus próprios barcos ou a partir das enormes muralhas à entrada da Barra que liga o Oceano à Ria.
Não obstante, outras praias de Olhão, as Ilhas da Armona e Farol, são fervorosamente procuradas por turistas que enchem os muitos ferry-boats que navegam o ano inteiro entre as ilhas. Há também o Grupo Naval de Olhão que oferece programas para fishing-games e diving, assim como outros operadores da Marina a sudoeste do Passeio Marítimo, frente ao Real Marina Hotel de 5 estrelas. Há também passeios a pé com guias especializados, equitação e visitas ao Parque Natural da Ria Formosa
A torre e miradouro é uma ideia ambiciosa que permitirá uma vista panorâmica das mais atractivas do litoral da Europa e oferece como brinde uma vista exuberante de bairros de estilo árabe encravados no meio da cidade de Olhão.
A Leste do Passeio Marítimo, à entrada da Marina de Pesca, seria o lugar ideal para edificar a torre, mas tudo dependerá da aprovação da Autarquia.
É um projecto ambicioso de muito interesse turístico que a partir do Miradouro, proporcionará vistas panorâmicas excepcionais através de painéis envidraçados e de outros para leitura das diferentes vistas, em várias línguas, correspondendo ao ângulo visual; um bar bem equipado e acesso aos dois elevadores com capacidade para 50 pessoas.
No piso acima do Miradouro haverá espaço para colocar aparelhagem electrónica, antenas de controlo meteorológico e de apoio à navegação.
No rés-do-chão do edifício principal de três pisos, sendo o último destes destinado a restaurantes, esplanadas e espectáculos; o primeiro e segundo pisos ficam equipados com gabinetes, lojas e botequins enquadrados no sector turístico, recepção, áreas de lazer e acesso aos elevadores.
É um acordo entre empresas interligadas num marketing directo e de coordenação com profissionais de turismo: operadores turísticos, empresas transportadoras, hotelaria, restauração e outros mais que dependem deste gigantesco mercado.
No rés-do-chão o acesso para a entrada da torre, continuará o mesmo ordenamento daquele que for projectado para renovação do Passeio Marítimo.
O projecto será uma realidade se tiver a aprovação das Autoridades Oficiais e, também, se constituir um Consórcio de Empresários ligados ao Sector de Turismo ou Entidade Financeira.
* Técnico de Turismo