Embora esta semana esteja a ser marcada por temperaturas de verão em grande parte do país, os próximos dias podem trazer uma mudança significativa. O especialista Alfredo Graça, em declarações à Meteored, site especializado em meteorologia, sublinha que a corrente de jato polar no Atlântico Norte vai intensificar-se, o que abrirá caminho a uma alteração radical das condições meteorológicas em Portugal, trazendo mau tempo.
Calor anómalo para meados de setembro
Segundo a Meteored, o modelo europeu prevê que Portugal continental seja envolvido por uma massa de ar invulgarmente quente para a época do ano. Isso explica as temperaturas máximas que se têm registado em várias regiões, em especial no Interior, com valores a rondar ou até a superar os 35 ºC.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) confirmou este cenário ao emitir aviso amarelo de tempo quente para cinco distritos do território continental e para a Costa Sul da Madeira.
Há ainda a possibilidade de o aviso ser alargado a mais regiões e prolongado no tempo, caso se confirme a persistência das temperaturas elevadas.
Diferenças entre o Interior e o litoral
De acordo com o modelo ECMWF, até domingo as temperaturas deverão situar-se entre 3 ºC e 6 ºC acima da média nas regiões do Interior. Já na faixa costeira ocidental, na Madeira e nos Açores as anomalias serão mais moderadas, variando entre 0 ºC e 1 ºC acima da média. Em locais como o litoral Norte e no Grupo Central dos Açores, os valores estarão dentro da normalidade para esta altura do ano.
No entanto, nos vales do Mondego, Tejo, Sado e Guadiana, os termómetros deverão superar os 35 ºC, enquanto cidades como Évora e Beja poderão atingir os 40 ºC. Em contraste, capitais de distrito do litoral, como Viana do Castelo ou Leiria, vão registar noites mais frescas, com mínimas próximas dos 10 ºC.
O que esperar nos próximos dias
Até sexta-feira, o tempo deverá manter-se estável, seco e soalheiro em Portugal continental e na Madeira, sem previsão de chuva significativa. A exceção é o arquipélago dos Açores, onde se antecipam períodos de precipitação fraca a moderada.
Mas, segundo os mapas analisados pela Meteored, a reta final da semana poderá marcar uma viragem. A intensificação da corrente de jato polar poderá originar ondulações mais pronunciadas, criando condições para o desprendimento de um vale depressionário.
Se esse cenário se confirmar, haverá uma descida acentuada das temperaturas e a possibilidade de precipitação mais generalizada.
Outono pode trazer instabilidade
Explica a Meteored que uma das hipóteses em cima da mesa é a formação de uma depressão isolada em altitude, também conhecida como gota fria, que poderia provocar episódios de instabilidade atmosférica. Outra possibilidade é apenas uma descida das temperaturas com chuva pouco expressiva.
Apesar das incertezas, o que parece cada vez mais claro é que a chegada do outono astronómico, a 22 de setembro, será acompanhada de mudanças no padrão meteorológico. O calor anómalo que marcou o início da segunda quinzena dará lugar a um cenário mais fresco e instável, típico da transição de estação.
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