O mês de dezembro poderá marcar uma mudança relevante no padrão atmosférico recente, com a possibilidade de tempestades “mais intensas do que o normal” e condições meteorológicas menos estáveis do que nos últimos anos. De acordo com o portal dedicado a notícias de meteorologia, Luso Meteo, os modelos de previsão começam a indicar uma alteração consistente face ao registo de meses secos e amenos que tem caracterizado o final do ano em Portugal, levantando questões sobre os efeitos que esse desvio pode trazer.
A mesma fonte explica que, embora os modelos sazonais apresentem tendência para se aproximarem da climatologia à medida que o horizonte temporal aumenta, o facto de surgirem sinais de bloqueio atmosférico para dezembro representa uma mudança significativa. Este cenário contrasta com o que tem sido comum no último período, marcado por menos precipitação e temperaturas moderadas.
Padrão diferente do habitual
Segundo a mesma fonte, os últimos 10 a 15 anos registaram, na sua maioria, meses de dezembro secos e pouco marcados por instabilidade, com raras exceções. O atual desvio observado nos modelos, incluindo o ECMWF, reforça por isso a possibilidade de um mês mais ativo. A explicação encontra suporte na evolução recente de indicadores, como as fases 7 e 8 da MJO, e o comportamento do vórtice polar, que surgem associados a padrões mais dinâmicos.
Escreve o portal que estas alterações podem desencadear condições favoráveis à formação de tempestades mais intensas, embora os potenciais impactos diretos em Portugal Continental, nos Açores e na Madeira permaneçam incertos. O ponto central, acrescenta a publicação, não é apenas a probabilidade de tempestades, mas o grau de intensidade que estas poderão atingir.
Tempestades mais fortes e efeitos possíveis
Refere a mesma fonte que a descida de ar frio sobre o Atlântico, conjugada com superfícies marítimas ainda relativamente quentes, tende a gerar contrastes que podem intensificar zonas de baixa pressão. Estas situações são propícias a episódios de ciclogénese rápida, com potencial para originar sistemas com valores inferiores a 970 hPa.
Explica o site que, caso estas depressões passem próximo do território nacional, poderão ocorrer ventos fortes, agitação marítima significativa e precipitação localizada mais intensa. Os efeitos, no entanto, dependerão da posição das depressões e da evolução do anticiclone subtropical, que poderá atenuar ou desviar parte da instabilidade.
Frio, neve e o que esperar nas próximas semanas
De salientar que os modelos não apontam para um cenário de frio excecional, ainda que episódios de neve em cotas médias não estejam excluídos. A possibilidade de entradas de ar polar mais seco e continental, associadas a descidas térmicas bruscas, não surge no horizonte como tendência dominante.
Após várias menções indiretas, o portal sublinha que dezembro poderá assumir finalmente características de inverno mais vincadas, algo que não se verifica há vários anos. Ainda assim, destaca a necessidade de cautela: a incerteza permanece elevada, sobretudo devido à instabilidade do vórtice polar e às rápidas mudanças nos padrões atmosféricos.
A hipótese de mudança repentina
Segundo o portal Luso Meteo, não está excluída a hipótese de o anticiclone recuperar força e afastar parte das depressões, o que redirecionaria tempestades para latitudes mais elevadas.
Nesta situação, Portugal poderia ficar apenas com efeitos indiretos ou períodos de maior estabilidade, enquanto outros países europeus enfrentariam impacto direto. Escreve a publicação que, em dezembro, o vento poderá ser mesmo “o mais preocupante”.
Os próximos dias serão determinantes para perceber qual dos cenários prevalecerá. O comportamento do Atlântico e o papel do mar mais quente ao largo da costa portuguesa poderão influenciar a intensidade de fenómenos de vento e precipitação durante o último mês do ano.
















