Uma ilha pouco conhecida no mar das Caraíbas está a despertar o interesse dos ultra-ricos que procuram formas de prolongar a vida. Roatán, situada a cerca de 65 quilómetros da costa norte das Honduras, tornou-se um destino popular devido à ausência de restrições legais sobre terapias genéticas experimentais.
A cidade futurista de Prospera
A cidade de Prospera, um projeto idealizado pelo gestor de fundos venezuelano Erick Brimen, destaca-se pelo seu conceito inovador e futurista. Para além de permitir práticas médicas ainda não regulamentadas, adotou a bitcoin como moeda oficial, atraindo investidores e empreendedores de diversas áreas.
Uma clínica que desafia as regras
Segundo a Executive Digest, uma das clínicas mais controversas do local é a ‘Minicircle’, especializada em terapias genéticas. De acordo com o tabloide britânico ‘Daily Mail’, esta unidade oferece um tratamento com folistatina, testado pelo biohacker Bryan Johnson. O procedimento, proibido nos Estados Unidos e não aprovado pela FDA, tem um custo de 25 mil dólares e consiste numa injeção de ADN que supostamente promove a regeneração celular.
Promessas e ensaios clínicos
A empresa, registada no estado do Delaware, nos EUA, apresenta-se como pioneira na melhoria genética humana. Até ao momento, completou apenas um ensaio clínico de Fase I, mas garantiu que os resultados foram “muito promissores”, incentivando a realização de novos testes.
O papel da folistatina
A folistatina é uma proteína essencial para a regulação do metabolismo e outras funções corporais. Estudos em animais demonstraram que a sua aplicação através de terapia genética aumentou a esperança de vida de ratos em 32,5%, um resultado que gera expectativas para a sua utilização em humanos.
Um tratamento “seguro e eficaz”?
O tratamento foi descrito pela ‘Minicircle’ como “seguro, bem pesquisado e altamente eficaz”. Atualmente, a empresa encontra-se a recrutar voluntários para a segunda fase de testes clínicos, com o objetivo de validar os seus efeitos.
O caso de Bryan Johnson
Bryan Johnson, conhecido pelo seu investimento em tecnologias de longevidade, submeteu-se ao tratamento em 2024 e relatou melhorias notáveis. Segundo afirmou, seis meses após o procedimento, os seus exames revelaram uma redução na velocidade do envelhecimento, fazendo com que, na prática, envelhecesse de forma mais lenta do que o normal.
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Um envelhecimento mais lento
Num vídeo partilhado online, Johnson explicou que recebeu uma injeção do gene produtor de folistatina no estômago e nas nádegas, sem apresentar qualquer reação adversa. Os seus indicadores biológicos sugerem que agora leva 19 meses para envelhecer o equivalente a um ano cronológico.
Mais do que terapias genéticas
A ‘Minicircle’ não é a única empresa a oferecer soluções para retardar o envelhecimento na ilha. A GARM, sua empresa associada, disponibiliza diversos tratamentos estéticos, como botox e lifting facial não invasivo, recorrendo a energia ultrassónica para estimular a produção de colágeno e melhorar a firmeza da pele.
Um paraíso fiscal para os ricos
Prospera não atrai apenas adeptos das terapias genéticas, mas também investidores e empresas interessadas nos seus incentivos fiscais. A cidade oferece uma taxa de imposto de apenas 1%, contrastando com os 21% aplicados nos Estados Unidos, tornando-se um paraíso fiscal para os mais abastados.
Crescimento rápido da cidade
O projeto de Erick Brimen teve início em 2017, e até 2024, mais de 200 empresas já estavam registadas na cidade. Para muitos, Prospera representa um novo modelo de urbanização e inovação económica, enquanto outros alertam para os riscos de uma regulamentação mínima em áreas sensíveis como a saúde.
O mercado das terapias experimentais
Além da ‘Minicircle’, várias startups de biotecnologia operam em Prospera, oferecendo tratamentos experimentais que seriam impossíveis de realizar nos EUA devido a restrições legais. Este ambiente atrai cientistas, investidores e clientes dispostos a pagar quantias elevadas por avanços na ciência médica.
Falta de regulamentação gera preocupação
Apesar do entusiasmo, muitos especialistas alertam para os riscos associados à falta de regulamentação nestes tratamentos. Sem estudos de longo prazo e fiscalização rigorosa, não há garantias sobre a segurança e a eficácia das terapias oferecidas em Prospera.
Um futuro incerto para a terapia genética
A comunidade científica continua a debater os avanços na terapia genética e os seus possíveis impactos no futuro da saúde. Enquanto isso, a ilha de Roatán mantém-se como um destino controverso, onde a esperança de vida prolongada é vendida como uma realidade ao alcance de quem pode pagar.
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