O crescimento progressivo, continuado e sustentado das viagens assumiu-se em pouco mais de 50 anos como uma realidade económica e social sem precedentes nas economias dos países em todo o mundo.
O direito ao lazer é um direito de todos, uma consequência directa da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, aliado a maiores preocupações de índole social dos regimes democráticos e da sociedade em geral.
As transformações no mundo produtivo moderno, nomeadamente no que se refere a uma maior racionalização e gestão dos tempos livres, conjugadas com subsídios de Férias, Natal, Doença, Desemprego, etc. reacenderam a vocação ancestral do ser humano, desde a nomadização, traduzida na procura de condições climatéricas mais amenas e apetecíveis.
O turismo contemporâneo nasceu na Europa, no seguimento do sucesso alcançado com as políticas económicas de excepção implementadas a seguir à II Grande Guerra, e à conquista de direitos sociais proporcionada pelas democracias emergentes que surgiram na Europa Ocidental.
Para a terceira idade, as férias representam uma fuga à solidão e, sobretudo, uma forma de integração e convívio, mais do que um meio de evasão, aquilo que caracteriza as férias tradicionais dos turistas ditos normais
Os povos do Norte da Europa passaram a fazer férias em massa na Bacia Alargada do Mediterrâneo – verdadeiro berço de civilizações – não apenas em busca do clima ameno, mas também da cultura milenar aí existente.
O envelhecimento populacional é um fenómeno actual em todo o mundo, pelo que este segmento de mercado apresenta perspectivas de crescimento impensáveis até alguns anos atrás.
Habituados a um longo período de abundância económica e de grandes conquistas sociais, as actividades turísticas negligenciaram valores humanos fundamentais, descurando a importância estratégica destes nichos de mercado.
A reforma é, hoje, vista mais como um novo ciclo nas nossas vidas e um período de realização pessoal, uma consequência dos progressos tecnológicos, novos regimes alimentares, exercícios físicos e psíquicos, etc., o que veio aumentar a longevidade e a qualidade de vida das populações.
Por outro lado, os mais velhos dispõem de mais meios financeiros para as suas férias, entendidas como um gasto periódico e regular, deixando de ser vistas como uma decisão que se toma apenas uma vez na vida, como acontecia no passado não muito distante.
A terceira idade de hoje é a geração de 60, composta por pessoas com formação elevada, disponíveis para enfrentar a ordem estabelecida, com ideias firmes sobre as coisas, a vida e o mundo contemporâneo. Ou seja, os hippies dos anos 60 são a terceira idade dos nossos dias.
A maioria são pessoas sós, havendo uma maior proporção de mulheres com reformas duplas, uma consequência directa da sua condição de viúvas.
Para a terceira idade, as férias representam uma fuga à solidão e, sobretudo, uma forma de integração e convívio, mais do que um meio de evasão, aquilo que caracteriza as férias tradicionais dos turistas ditos normais.
Os turistas na terceira idade são, por isso mesmo, mais imaginativos, têm espírito aventureiro e são militantes activos das causas ecológicas e ambientais, indo muito para além dos tradicionais destinos religiosos.
Por outro lado, continuam interessados em continuar a aprender, estão sexualmente interessados, não esquecem a sua vertente romântica, são sedutores e simpáticos.
Gostam de experimentar coisas novas. Receberam heranças e seguros de vida, sendo os principais promotores junto de familiares e amigos dos sítios que visitam.
Têm disponibilidade financeira adequada às viagens que efectuam e são muito selectivos nas escolhas, na medida em que sabem bem o que pretendem.
Para estes estratos populacionais, as férias devem privilegiar eventos de cariz social e outros programas de animação e convívio, razão pela qual têm apetência para viajar em grupo.
Daí que, as férias sejam planeadas e organizadas com muita antecedência, optando por ser bastante selectivos dos destinos e locais que pretendem visitar.
A camaradagem, o companheirismo, o convívio, a comodidade, a segurança, as actividades a desenvolver, etc., são factores relevantes na escolha dos destinos turísticos.
O incremento do turismo sénior é, pois, um desafio do futuro.
*O autor escreve de acordo com a antiga ortografia