A confederação do turismo acredita que os turistas norte-americanos em Portugal vão continuar a crescer, apesar de receios com as políticas de Donald Trump, enquanto o setor imobiliário diz não ter visto ainda “nenhum fenómeno relevante” pós-eleições.
Em 2024, Portugal recebeu 2,29 milhões de turistas norte-americanos, segundo dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística. Contaram-se mais de 5 milhões de dormidas (+12,1%), fazendo deste o quarto maior país emissor, representando 9,2% das dormidas de não residentes.
O crescimento do turismo norte-americano em Portugal foi um dos mais expressivos em 2024, daí que este mercado seja alvo da aposta da promoção do destino e captação de turistas por parte do setor.
“A expetativa para este ano é da continuação do aumento de turistas norte-americanos no nosso país, tendo em conta até o reforço esperado de ligações aéreas diretas entre Portugal (Lisboa e Faro) e os Estados Unidos”, disse o presidente da Confederação do Turismo de Portugal à Lusa. Questionado por eventuais efeitos das medidas económicas de Trump, que pudessem retirar poder de compra àqueles turistas e travar o fluxo para Portugal, Francisco Calheiros até antecipa boas notícias.
“O efeito até é positivo, já que o dólar a valorizar em relação ao euro torna mais baratas as viagens dos norte-americanos para a Europa e especificamente para Portugal”, acrescentou.
Assim, e neste primeiro mês do Presidente dos EUA no cargo, o setor nota “que se mantém a tendência de os norte-americanos estarem a escolher Portugal para fazer as suas férias, ficando mais tempo e gastando mais. Isto vai continuar a acontecer em 2025”, vincou.
Os turistas norte-americanos estão entre os que mais gastam, sendo que segundo o Banco de Portugal, em 2023 foram os quintos com maiores despesas em Portugal. Face a 2013 conclui-se que os países de origem dos turistas que mais gastam em Portugal se mantiveram (ainda que numa ordem diferente), com exceção de um: Angola ocupava o quinto lugar entre os turistas que mais receitas geram a Portugal e foi substituído pelos Estados Unidos. De acordo com o BdP, as receitas de viagens e turismo dos norte-americanos em Portugal atingiram os 2,5 mil milhões de euros em 2023, um máximo histórico.
As receitas com os turistas dos EUA começaram depois a recuperar e atingiram 1,8 mil milhões de euros em 2022, crescendo 33% para 2,5 mil milhões em 2023, último ano para o qual há dados disponíveis. A tendência tem sido, assim, de um crescimento destes turistas em Portugal, que poderia eventualmente ser influenciado pelas medidas de Trump, já que vários analistas indicam que as tarifas aplicadas sobre as importações podem ter um efeito inflacionista, aumentando o custo de vida daqueles cidadãos. Quanto a viverem em Portugal, o Jornal de Notícias (JN) noticiou, em 09 de janeiro, que os dados oficiais mostram que, em 2023, 14.126 norte-americanos estavam a residir em Portugal e que os vistos emitidos a cidadãos da América têm aumentado nos últimos anos, apesar dos números preliminares de 2024 registarem um decréscimo. O presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, Paulo Caiado, disse à Lusa que a procura de imóveis em Portugal por estes cidadãos ganhou alguma expressão, mas não se intensificou após a vitória de Trump.
“Não identificamos nenhum fenómeno relevante pós-eleição de Trump”, disse à Lusa, admitindo que qualquer incremento naquilo que seja a procura vai resultar em pressão na subida de preços. “Que ninguém tenha qualquer duvida sobre isso”, sublinha, notando, contudo, que este é um tipo de cliente que pressiona preços no segmento elevado e não de forma transversal, já que as casas que procuram são, sobretudo, de 700 mil euros para cima.
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