Começou com uma pequena empresa de serviços de lavandaria para a hotelaria e apartamentos turísticos. Tinha 18 anos. Vinha de uma aldeia do barrocal algarvio e aceitou o desafio de um tio que morava em Lisboa. Era a velha história normal há 40 anos: a ambição de investir no turismo de férias e no aluguer e venda de apartamentos. Um mercado que começava a florescer no Algarve. Hoje, Reinaldo Teixeira é dono de um grupo empresarial com uma dezena de empresas associadas. E tem no ramo da mediação imobiliária o seu negócio mais sustentável. A Garvetur é uma das maiores empresas do ramo em todo o país.
R – Comecei em 1983 a convite de um tio que constituiu o suporte para o início de tudo. O Algarve por essa altura era já um destino com alguma projeção no estrangeiro, e tinha tudo para um jovem como eu aceitar o desafio. Tudo começou como aquela velha história normal há 40 anos no sonho e ambição de possuir uma empresa de turismo de férias ou de aluguer e venda de apartamentos. Essa era a ideia e, em simultâneo, a instalação de uma empresa de serviços de lavandaria para clientes individuais e industriais e que ainda hoje funciona.
P – E depois, nunca mais parou!
R – Seguiu-se, posterior e gradualmente, o investimento naquela que viria a tornar-se a imagem de marca do grupo Garvetur/Enolagest, que reúne, enquanto sociedade gestora de participações sociais (SGPS), umas quatro dezenas de empresas de onde sobressai a atividade imobiliária, mas com investimentos também na hotelaria e turismo, serviços de lavandaria e limpeza, aluguer de automóveis, gestão de condomínios, seguros e crédito, compra, venda, construção, reabilitação, manutenção e decoração de interiores, e outros ainda. Hoje temos mais de 20 lojas em todo o país. Para além do Algarve, estamos em Lisboa, na Beira Baixa e brevemente na zona do Grande Porto, e nos principais países emissores turísticos para o Algarve.
“O nosso mercado do imobiliário estrangeiro está na Inglaterra, Irlanda, França (…) e África do Sul (…) mas importa dizer que o mercado mais forte continua a ser o português”
P – A Garvetur é dirigida apenas à imobiliária turística?
R – Não, a Garvetur oferece aos seus clientes desde 1983 um serviço de intermediação imobiliária na compra, venda e arrendamento de imóveis novos e usados em todo o país e tem outra vertente de férias, com o comércio de vivenda ou moradias, e investimentos em projetos turísticos. Ou seja, existe a Garvetur no sector de propriedades em mediação imobiliária, e a Garvetur férias virada para a gestão turística através de arrendamento de apartamentos, moradias e aparthotéis. Estamos também na educação e ensino como sócios de um colégio internacional, sobejamente referenciado.
P – No que respeita ao volume de negócios o que é que representa o grupo?
R – O universo de negócios varia entre 35 e 40 milhões de euros, não incluindo a mediação imobiliária. Na parte da mediação imobiliária, temos anos em que transacionamos um volume acima dos 200 milhões de euros, sendo que para nós o que conta é o valor das nossas comissões. Nós fazemos pequenos negócios de retalho e grandes negócios como: empreendimentos, grandes urbanizações, empresas e hotéis.
P – Tem ideia do valor mais alto transacionado?
R – Os valores mais altos foram a venda de grandes urbanizações no Algarve, se contabilizarmos o volume de negócio na venda de terrenos urbanizáveis, com loteamentos para hotéis, apartamentos e moradias. Essa foi a área com maior volume que transacionámos.
“Parece uma contradição, mas mesmo com o ambiente de guerra em fundo, isso não se ressentiu muito no mercado, sobretudo no segmento de média alta em termos de valores (…) Onde se sentiu o efeito da subida das taxas de juro e da Euribor foi no comércio a retalho, entre os clientes que sem capitais próprios, tiveram de recorrer à banca”
P – Em que medida a situação provocada pela guerra na Ucrânia afetou o mercado do imobiliário?
R – Parece uma contradição, mas mesmo com o ambiente de guerra em fundo, isso não se ressentiu muito no mercado, sobretudo no segmento de média alta em termos de valores. Ou seja, a guerra criou alguma apreensão nos mercados dos países em conflito, sobretudo no mercado russo que tendo algum peso é no entanto, residual no Algarve. Onde se sentiu o efeito da subida das taxas de juro e da Euribor foi no comércio a retalho e entre os clientes sem capitais próprios e que tiveram de recorrer à banca, o que não é o caso dos compradores no segmento dos valores mais altos.
O nosso mercado do imobiliário estrangeiro está na Inglaterra, Irlanda, França, Suíça, Bélgica, Luxemburgo e África do Sul. Mas importa realçar que o brasileiro e o norte americano têm vindo a crescer muito nos últimos anos. E há ainda o grande negócio dos Fundos Imobiliários, americanos, ingleses e asiáticos.
Contudo, importa dizer que o mercado mais forte continua a ser o português, sobretudo, no que respeita à compra no retalho, isto é, em apartamentos, lotes de terrenos, moradias e pequenas unidades. Os emigrantes da diáspora portuguesa são muito bons clientes.
No ramo da mediação imobiliária, temos anos em que transacionamos um volume de negócios acima dos 200 milhões de euros, sendo que para nós o que conta é o valor das nossas comissões”
P – Por tudo o que diz, o Algarve continua a ser um destino muito procurado e atrativo para o investimento estrangeiro!
R – O Algarve é cada vez mais apetecido para o turista nacional e para o turismo de todo o mundo. Temos a sorte de oferecer condições únicas no que respeita às condições climáticos, segurança e qualidade de vida. Por vezes não cuidamos deste jardim à beira-mar plantado com o cuidado que devíamos. Mas quem nos visita reconhece tudo isso, e essa é a razão pela qual o Algarve é a região com maior crescimento e que tem vindo a reduzir a sazonalidade turística.