A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) recomendou a realização de uma auditoria externa aos processos de execução do Plano Ferrovia 2020. Segundo o relatório publicado na quarta-feira da passada semana, a entidade destaca atrasos significativos em todo o país, incluindo um desvio de seis anos e nove meses nos projetos de modernização da linha ferroviária no Algarve.
Impacto no Algarve e outros corredores complementares
Entre os projetos complementares, que incluem as linhas do Douro, Oeste, Cascais e Algarve, o atraso acumulado é um dos mais elevados. A modernização da linha algarvia, fundamental para melhorar as ligações ferroviárias na região e reforçar o turismo e a economia local, enfrenta agora um adiamento que compromete o cumprimento das metas inicialmente previstas.
Segundo a AMT, a execução global do plano, lançado em 2016, está 43% concluída até ao final de 2023, apesar de terem passado nove anos desde o seu início. No Algarve, os investimentos na modernização da ferrovia são considerados cruciais para ligar melhor o interior ao litoral e para potenciar o desenvolvimento regional.
Recomendações para evitar novos atrasos
O relatório sublinha que a IP – Infraestruturas de Portugal deve adotar critérios mais rigorosos de gestão de projetos, como o planeamento detalhado, a seleção criteriosa de fornecedores e a utilização de consultoria especializada. Além disso, a AMT recomenda a realização de uma auditoria externa às obras públicas do plano, com o objetivo de identificar fragilidades e propor medidas corretivas.
“As medidas visam evitar atrasos adicionais e melhorar a eficiência dos processos de planeamento, execução e fiscalização das obras”, refere o relatório, liderado por Ana Paula Vitorino.
Um plano de grande impacto, mas longe de ser concluído
O Plano Ferrovia 2020 prevê um investimento de 2,1 mil milhões de euros, com 46% de comparticipação da União Europeia. Apesar disso, apenas 66% do investimento previsto estava executado no final do ano passado. A AMT prevê que o pico de execução ocorra em 2024, com o plano a ser finalizado em 2027, seis anos após a data original.
No Algarve, os atrasos geram preocupação, uma vez que o projeto visa melhorar a mobilidade regional e aumentar a ligação ao mercado ibérico, fortalecendo as condições económicas e turísticas da região.
Leia também: Estes tipos de peixe muito consumidos em Portugal são os mais prejudiciais à sua saúde