As eleições autárquicas para o mandato 2025-2029, previstas para setembro ou outubro de 2025, irão trazer mudanças significativas na liderança das câmaras municipais em todo o país, incluindo no Algarve. Pelo menos um terço dos atuais presidentes de câmara será substituído, resultado do limite de três mandatos consecutivos, que impede a recandidatura de cerca de 100 autarcas.
No Algarve, Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro eleito pelo PSD, é um dos autarcas impedidos de se recandidatar devido ao limite de mandatos, abrindo assim caminho para uma nova liderança na capital algarvia. No concelho vizinho, António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de Olhão, que também atingiu o limite de mandatos, surge agora como candidato do PS à Câmara de Faro.
A Câmara Municipal de Silves, atualmente liderada pela CDU, também terá de escolher um novo presidente devido à mesma limitação. Outros concelhos algarvios enfrentam situações semelhantes, como é o caso de Castro Marim, onde Francisco Amaral, o atual presidente, já havia anteriormente exercido funções, igualmente pelo PSD, como presidente da Câmara de Alcoutim.
Pelo PS em Alcoutim, Osvaldo Gonçalves, reeleito para um terceiro mandato em 2021, deixou a presidência para integrar o Conselho de Administração da ALGAR. Na sequência da sua saída, Paulo Paulino tomou posse como novo presidente da Câmara Municipal de Alcoutim a 15 de maio de 2024.
Estas mudanças refletem o impacto da regra de renovação obrigatória em várias das principais autarquias da região, trazendo novas dinâmicas políticas ao Algarve.
O Algarve, onde o turismo e o investimento público têm um peso significativo, terá os novos presidentes de câmara a trabalhar com desafios como a execução das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), cuja conclusão está prevista para 2026, e a implementação de projetos financiados pelo PT2030.
Novo mapa administrativo em perspetiva
Outro fator que poderá influenciar as próximas eleições é a possível realização do ato eleitoral sob um novo mapa administrativo. Está em discussão no parlamento a desagregação de mais de 300 freguesias unidas pela chamada “lei Relvas” (2012/2013), o que poderá levar a alterações nos territórios das juntas de freguesia. Atualmente, as autárquicas envolvem a eleição de 308 presidentes de câmara e cerca de 3.091 assembleias de freguesia, números que poderão ser revistos com as desagregações.
Partidos e independentes em renovação
A nível nacional, a renovação também será significativa em partidos como o PS e o PSD. No caso dos socialistas, 53 presidentes de câmara não poderão recandidatar-se, incluindo Eduardo Vítor Rodrigues (Vila Nova de Gaia), Rui Santos (Vila Real) e Basílio Horta (Sintra). Já no PSD, nomes como José Ribau Esteves (Aveiro), Carlos Carreiras (Cascais) e Ricardo Rio (Braga) também estão em final de ciclo.
Os movimentos independentes, que atualmente lideram 19 autarquias, também terão mudanças, incluindo Rui Moreira, que deixa a presidência da Câmara do Porto, e Teresa Cardoso, de Anadia.
Desafios futuros para os novos autarcas
Os autarcas eleitos enfrentarão uma série de desafios, como a reta final da execução do PRR e a negociação de uma nova Lei de Finanças Locais. O processo de descentralização e a consolidação de projetos financiados pelo PT2030 também estarão entre as prioridades.
Nas últimas autárquicas, realizadas em setembro de 2021, o PS foi a força mais votada, liderando 148 câmaras, seguido pelo PSD (72) e pela CDU (19). No Algarve, a predominância dos dois maiores partidos manteve-se, com várias câmaras lideradas por socialistas e sociais-democratas, refletindo o padrão nacional.
Com as mudanças previstas para 2025, o panorama político regional e nacional deverá passar por uma transformação significativa, com renovação de lideranças e novos desafios a serem enfrentados pelas autarquias.
Leia também: Fica a duas horas do Algarve uma das cidades mais baratas para visitar mesmo na época alta