O European Youth Event 2023 (EYE2023) realizou-se no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, nos passados dias 9 e 10 de junho, e reuniu milhares de jovens.
O mega evento contou com a participação de 10.000 (dez mil) jovens de todos os cantos do mundo, dos quais 60 portugueses, reunidos para partilhar e desenvolver as suas ideias sobre o futuro da Europa. Foi uma experiência muito enriquecedora na opinião da generalidade dos participantes portugueses.
Os textos de opinião que aqui se publicam têm como autores três jovens da região do Algarve e um a viver na Polónia com raízes também na região. Dão ênfase à participação cívica dos jovens e à importância do voto nas próximas eleições europeias.
O futuro ainda está por construir e eu descobri uma geração que é capaz de o fazer
Para quem já teve a oportunidade de ouvir o episódio “Esperança” do podcast Que Nome Damos a Isto que conta com a parceria do Postal do Algarve e do Europe Direct do Algarve, ficou com uma ideia da minha opinião sobre o European Youth Event 2023 (EYE2023). Entrei na chamada “casa da democracia europeia” como um eurocético e saí com o sentimento reforçado por uma razão muito simples: O evento não era para ouvir as novas gerações, mas sim para que estas ouvissem o que os senhores ecologistas que viajam mensalmente com o dinheiro dos nossos impostos entre Bruxelas e Estrasburgo queriam que nós ouvíssemos. E se querem mesmo saber o porquê que eu, sendo um eurocético, fui a este evento a resposta é ainda mais simples! Eu fui porque tenho dinheiro. Esta é a dura e cruel realidade. Quem foi a este evento foi porque tem meios para ir.
As verdadeiras vozes dos jovens que não conseguem comprar ou alugar casa, que fazem estágios não remunerados, que somente conseguem sobreviver com a ajuda dos pais, que não possuem uma vida estabilizada e que nem conseguem fazer face a todas as despesas de transporte, alojamento e alimentação de dois dias em Estrasburgo não foram ouvidas. Foram mais de 8500 jovens, mesmo que a organização tenha dito inicialmente 10.000 de todo o mundo, o que inclui jovens de países asiáticos, africanos e da América do Sul para falarem sobre a União Europeia e a importância da mesma.
De facto, podia até ter sido importante ouvir isso da boca dos milhões de jovens que trabalham mais de 16 horas por dia em condições precárias para a indústria da moda ou nas minas de extração de minerais raros sem qualquer proteção para podermos dizer que temos uma economia verde. Em resumo, foi a Europa na sua visão colonialista a fingir-se de integradora para trazer para a discussão os jovens desses países considerados “subdesenvolvidos” ou “em vias de desenvolvimento”. O problema, é que os jovens que realmente sofrem não tiveram voz, pois somente quem teve dinheiro conseguiu ir ao evento para “falar”, ou fingir que falou, porque quem trabalha mais de 16 horas numa fábrica da indústria da moda ou na extração de minerais raros nem consegue ter dinheiro suficiente nem para um passaporte quanto mais para uma viagem.
Foi um evento desorganizado, com um apertado controle de segurança para entrar e em que todos se atropelavam para conseguir um lugar no hemiciclo. Um evento onde ouvi discursarem palavras de ódio contra cidadãos russos independentemente de estes serem vítimas do regime em que vivem. Foi o evento em que se discutiu os problemas de pessoas que seguem a ideologia de género (em vez da ciência) quererem ter uma casa de banho própria em vez de discutirmos a responsabilidade de uma União Europeia que somente procura a guerra e não faz esforços para a paz, colocando a Ucrânia num pedestal, esquecendo as milhares de mulheres do Afeganistão que viram os seus direitos reduzidos a zeros após a saída de tropas americanas e europeias, ou as milhares de mães africanas que perdem os seus filhos nas minas exploradas pelas indústrias francesas ou em redes de tráfico para tentarem chegar à Europa. Que pena essas mulheres não serem, na sua maioria, loiras de olhos azuis e com contas no Onlyfans para deleite de eurodeputados e comissários…
Porém, tal como tinha dito no meu podcast, regressei com esperança, pois trabalhei com outros jovens num documento detalhado onde aborda as questões da segurança europeia, ambiente, pescas e educação. Conheci e convivi com inúmeros jovens cheios de ideias, qualidades e força de fazer a mudança e que esperam, impacientes, que chegue o seu dia para mudar Portugal e a Europa, bem como fui sempre muito bem recebido por todos os eurodeputados portugueses a quem escrevi, com especial atenção para o eurodeputado João Albuquerque e a eurodeputada Sara Cerdas que me receberam de braços abertos, ainda que sabendo que estávamos em polos políticos opostos.
Deixo também um enorme agradecimento a sua Excelência a Cônsul-Geral de Portugal em Estrasburgo, Dra. Patrícia Gaspar, que atendeu ao meu pedido e se dirigiu ao Parlamento Europeu no dia 10 de Junho para se reunir com os jovens portugueses e falar da importância do papel da diplomacia portuguesa, bem como cedeu o seu tempo de antena na rádio La Voix du Portugal – Rádio RBS, para que juntamente com a Rafaela Paulo Teixeira e o Paulo Ricardo Gonçalo Cerqueira apresentássemos o documento que submetemos para discussão no EYE2023.
O futuro ainda está por construir e eu descobri uma geração que é capaz de o fazer.
Voltei com amigos novos, com vontade de participar em mais iniciativas de participação cívica
Quando soube que as inscrições para o EYE2023 estavam prestes a abrir, comecei a disparar telefonemas para amigos que sabia que aceitariam o convite e se juntariam a mim. Comecei por pensar nos jovens mais “ativos” na minha cidade, Portimão, muitos deles dirigentes associativos como eu. Não foi difícil arranjar companhia. No momento da submissão da candidatura, não tinha grandes expectativas formadas para o evento: sabia que ia conhecer o Parlamento Europeu muito mais a fundo do que aquilo que é permitido aos visitantes e só isso chegava.
O primeiro passo foi montar uma viagem à volta do evento, nomeadamente, marcar transportes e alojamento. Para maximizar a experiência, decidimos passar o dia anterior ao evento em Paris e o seguinte em Colmar. Quando chegámos a Estrasburgo, para além de estarmos encantados com a beleza da cidade e com o excelente clima que a França nos ofereceu durante toda a visita, adorámos o ambiente que se formou pelas ruas estarem “dominadas” por participantes do evento. Era difícil encontrar alguém sem credencial ou merchandising do EYE.
Nos dois dias de evento, tive a oportunidade de assistir a debates e painéis no hemiciclo, que é sem dúvida a sala mais imponente do edifício e que requer a confirmação do “isto é real?” quando nos sentamos numa das cadeiras numeradas com microfone. Uma das coisas que ajudou a tornar esta experiência mais especial foi o facto de os portugueses a participar terem-se unido em Estrasburgo, o que possibilitou o contacto com cônsules e eurodeputados portugueses, como o João Albuquerque que nos levou a jantar num restaurante típico da região da Alsácia.
A atmosfera na EYE Village, onde eram realizados concertos após o fim das atividades no parlamento, também era fantástica. De entre as centenas de atividades disponíveis, destaco as duas que escolhi e gostei mais: Simulação de um Conselho da União Europeia, onde representei a Croácia numa votação sobre criação de legislação para garantir direitos básicos aos trabalhadores da indústria da moda; Criação de uma rota de comboio de alta velocidade entre Amsterdão e Berlim: durante quatro horas, em equipas, tivemos de desenhar e justificar uma rota que unisse as duas cidades perante um júri constituído por eurodeputados e acionistas de grandes empresas da ferrovia na Europa.
É possível aprender sobre diversos temas, desde as artes às ciências, consoante as atividades que frequentamos, mas não deixa de ser curioso perceber detalhes como o funcionamento do sistema de tradução que permite que um parlamento tenha 24 línguas oficiais e todas possam ser usadas no trabalho diário deste órgão.
Por fim, voltei deste evento com amigos novos, com vontade de participar em mais iniciativas de participação cívica como esta, de frequentar mais simulações do funcionamento de instituições democráticas, tanto nacionais como europeias e até mesmo de vir a trabalhar ou estagiar numa instituição europeia como a Comissão ou o Parlamento, através do programa de estágios Schumann, por exemplo. Recomendo a todos os jovens que tenham a oportunidade de participar num EYE que o façam: é uma experiência única que obviamente difere de pessoa para pessoa, mas garanto que é uma daquelas memórias da qual dificilmente se esquecem.
Foi inspirador e motivante ver como a juventude europeia e mundial está comprometida em construir um futuro melhor
Foi com grande entusiasmo e expectativa que embarquei na minha aventura para o EYE2023. Este evento prometia ser uma experiência única, repleta de aprendizagem, partilha, networking e bons momentos. Posso dizer com grande satisfação que o evento superou nalgumas medidas as minhas expectativas, mas nem tudo é um mar de rosas, certo?
Assim que cheguei ao local do evento, o EYE Village, sentia uma atmosfera vibrante, e cheia de energia, sentia uma cidade repleta de jovens com aquele sentimento de ser europeu. Jovens esses de diferentes culturas e backgrounds, todos unidos com o mesmo objetivo: discutir os desafios enfrentados pela Europa e procurar soluções.
Ao longo dos dias do EYE2023 participei numa ampla gama de atividades, como workshops, debates e sessões interativas que me permitiram abordar temas como migrações, a defesa dos valores europeus, a semana de trabalho de quatro dias, a importância das eleições europeias, saúde, educação e política. A quantidade e diversidade de atividades disponíveis permitia que todos os participantes conseguissem encontrar algo que gostassem para participar e aprofundar essas áreas de interesse.
Além disso tive a oportunidade de interagir com jovens extraordinários de todo o mundo. Fiz também boas amizades com vários participantes fantásticos, integrantes do grupo português no EYE2023. Tive também a oportunidade de interagir de perto com o Deputado Socialista Português no Parlamento Europeu, João Albuquerque, com quem tive a oportunidade não só de falar do Partido que nos une, mas também, de forma informal, da situação atual, quer nacional, quer europeia. Estes encontros informais foram momentos preciosos, nos quais pude ouvir diferentes perspetivas, partilhar as minhas ideias e estabelecer conexões duradouras. As conversas e temas fluíam naturalmente e a empatia mútua era notável. Foi inspirador e motivante ver como a juventude europeia e mundial está comprometida em construir um futuro melhor e mais inclusivo para todos os que na Europa vivem. Outro ponto alto do evento de palestrantes renomados, líderes de pensamento e ativistas que partilharam histórias inspiradoras e conhecimentos especializado.
De pontos negativos destaco o facto de, nas sessões de debate, os mediadores e os palestrantes falarem 90% do tempo e deixarem apenas 15 a 20 minutos para perguntas do Público presente na sala. Destacar também que no primeiro dia a organização não fiscalizava que participantes se tinham inscrito na sessão de abertura do evento no plenário do Parlamento europeu, pelo que várias pessoas que se tinham inscrito nesta atividade ficaram de fora por existir uma sobrelotação da sala.
Durante os dias do evento e após as horas do mesmo, as noites eram preenchidas com jantares, risadas, conversas, convívio e boa disposição. Noitadas estas que eram bem-vindas, sobretudo após dias intensos de atividades e discussões.
À medida que o evento ia chegando ao fim um sentimento de saudade e melancolia, mas também de gratidão, ia-se fazendo sentir. Gratidão de participar num evento tão enriquecedor. No entanto uma certeza prevalecia: as conexões, as lições aprendidas e as ideias geradas durante esses dias durariam muito mais que o evento em si.
O EYE2023 deixou-me com uma visão renovada do poder da juventude e da importância de nos unirmos para criar um mundo e um futuro melhor. Estou inspirado e motivado para continuar a procurar soluções inovadoras para os desafios que enfrentamos, quer na EU quer no mundo.
Acreditem e sejam ativos. Nós somos os futuros governantes mundiais
No início deste mês tive a oportunidade de participar no Evento Europeu da Juventude (EYE), que se realizou em Estrasburgo, França, no Parlamento Europeu.
Nele, participaram cerca de 8.500 jovens de todo o mundo. Em conjunto, um objetivo. Moldar o futuro europeu e a política europeia.
Numa perspetiva pessoal participei no EYE, pois sendo Estudos Europeus a minha área de estudos, senti ser essencial ter este contacto mais tátil com a casa da democracia europeia.
Sendo honesto não instiguei em mim próprio algum tipo de expectativas, a realidade é que não sabia bem para onde ia.
O evento deu oportunidade de, atempadamente, selecionarmos certas atividades com que nos identificássemos, de forma a garantirmos a nossa participação nestas.
Realço duas atividades que se sobressaíram, na minha perspetiva. Uma, a simulação do Conselho da União Europeia, onde tive a oportunidade de representar Portugal na negociação de legislação do Conselho. Daqui, saio com um sentimento misto sobre a atividade, pois quando entrei na sala senti de facto que o que estava a fazer era real. Contudo, por diversos motivos, ficou um pouco aquém daquilo que imaginei quando me sentei naquela forte, cadeira azul. Um dos principais motivos foi o tempo. O tempo de negociação entre os Estados-Membros (EM) foi muito curto em relação com aquilo que era o expectável, o que resultou num chumbo da versão final pelos representantes de cada EM.
Outra que se destaca é o debate em hemiciclo sobre as eleições europeias que se vão realizar em 2024, e o papel que os jovens podem ter nelas.
Poupando detalhes, foi deveras muito interessante e motivador para que cada um de nós, quer presentes na câmara quer a assistir on line, tome iniciativa e não só se dirija às urnas de 6 a 9 de junho de 2024, como incentive outros a fazer o mesmo.
Para além destas duas atividades que se exceleram, algo que me motivou ainda mais e, de todo, compensou a ida a Estrasburgo, foi os dois encontros com um dos nossos Deputados ao Parlamento Europeu, Dr. João Albuquerque.
De notar que não foi a primeira vez que estive com este Eurodeputado, mas de facto, foi a primeira em que realmente tivemos tempo para falar.
Denoto apenas o segundo encontro que tivemos. Começou no café dos eurodeputados, onde eu e mais quatro jovens tivemos a oportunidade de conviver com o senhor, de forma informal e perguntar o que quiséssemos. Obviamente, não perdi a oportunidade e tivemos uma conversa bastante fluida e inspiradora.
Discutimos as listas transnacionais, as negociações com grupos de interesse, o seu percurso, a ascensão da extrema-direita, entre outras.
Este, sem sombra de dúvidas, foi de facto, o momento mais inspirador e marcante de todo o fim de semana que estive em Estrasburgo.
A forma como o João falava era fascinante para qualquer jovem que procure uma carreira europeia, como eu.
Assim, de uma forma sucinta, descrevo a minha experiência no EYE com apenas uma palavra: Inspiradora.
Escolho esta palavra por todo o meio envolvente em torno deste projeto. Sei que nem todos saíram com a mesma impressão do que eu, o que me deixa um pouco descontente, contudo, acredito que a maioria dos 8 mil jovens que ali estiveram saíram expectantes e motivados para trabalhar para um futuro mais próspero, mais europeu e participativo para todos nós.
Aqui, deixo uma mensagem a todos os jovens que estejam a ler: acreditem e sejam ativos. Nós somos os futuros governantes mundiais, para isso, temos que, juntos, trabalhar para um futuro melhor, oportunista em que todos tenham a possibilidade de ser quem são de forma livre, e sem medos.