Trabalhadores com formação superior em Portugal ganham, em média, mais 73% do que aqueles que possuem apenas o ensino secundário, segundo o Relatório do Estado da Educação 2023, divulgado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Contudo, o Algarve continua a destacar-se pelas assimetrias regionais na escolaridade, apresentando uma taxa de qualificação inferior à de outras regiões do país.
De acordo com o relatório, em 2023, cerca de 40,6% da população portuguesa tinha, no máximo, o ensino básico, o que coloca Portugal como o país com a maior percentagem de baixas qualificações na União Europeia. Esta realidade é ainda mais acentuada em regiões como o Algarve, onde o nível de escolaridade médio está abaixo do observado no Norte e Centro do país.
Formação superior compensa, mas há desafios no Algarve
Os dados apresentados pelo CNE mostram que os jovens adultos com formação superior (entre os 25 e os 34 anos) têm melhores perspetivas de emprego e salários mais elevados. A taxa de emprego para este grupo é de 88,3%, comparada com 84,9% entre aqueles que concluíram apenas o ensino secundário ou pós-secundário.
Além disso, os trabalhadores com formação superior auferem, em média, um rendimento mensal correspondente a 173% do salário daqueles com o ensino secundário. Contudo, os salários em Portugal permanecem baixos em comparação com outros países europeus. Em relação à Espanha, os portugueses ganham menos 800 euros por mês; na comparação com a Alemanha ou Irlanda, a diferença ultrapassa os quatro mil euros.
Estes baixos salários podem ser um desincentivo à qualificação, sobretudo em regiões como o Algarve, onde as oportunidades de formação e emprego especializado são mais escassas. O relatório apela, assim, a um reforço das políticas que promovam a educação e a requalificação, não só entre os jovens, mas também entre os adultos.
Assimetrias regionais e o impacto no Algarve
No texto introdutório do relatório, o presidente do CNE, Domingos Fernandes, sublinha que as assimetrias regionais continuam a ser um obstáculo à melhoria das qualificações no país. No Algarve, esta desigualdade reflete-se nas oportunidades de formação e na mobilidade social, com muitos jovens a reproduzirem o nível educacional dos seus pais.
Embora tenha havido um aumento nas taxas de conclusão do ensino secundário nas últimas décadas, o Algarve enfrenta desafios adicionais, como o abandono escolar precoce, que afeta sobretudo os rapazes. Atualmente, os jovens adultos do sexo masculino são os que mais abandonam a escola, um padrão que se inverteu em relação ao passado, quando eram as raparigas que mais frequentemente deixavam os estudos.
Medidas recomendadas e avanços registados
O relatório do CNE defende um alargamento das políticas de apoio ao ensino superior, incluindo a atribuição de bolsas de estudo para os mais carenciados e o aumento da oferta de alojamento estudantil a preços acessíveis. Estas medidas podem ser especialmente relevantes para o Algarve, onde os custos de habitação são elevados, o que representa um obstáculo adicional para os estudantes.
Apesar dos desafios, o relatório destaca progressos significativos. Entre 2016 e 2023, a proporção de jovens entre os 18 e os 24 anos que não estudam nem trabalham diminuiu de 18,3% para 13,2%. Mais de metade dos jovens (55,3%) continuavam a estudar, enquanto 31,6% estavam já inseridos no mercado de trabalho.
Com as recomendações do CNE, espera-se que o Algarve possa beneficiar de políticas mais robustas que incentivem a educação e reduzam as desigualdades regionais, promovendo um futuro mais qualificado e próspero para os jovens da região.
Leia também: Estes tipos de peixe muito consumidos em Portugal são os mais prejudiciais à sua saúde