A Cooperativa de Viveiristas da Ria Formosa iniciou a sua atividade em Olhão em 1998 e conta com associados viveiristas e produtores em toda a Ria Formosa, desde Faro até Cacela Velha.
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José Florêncio, presidente da Cooperativa de Viveiristas da Ria Formosa, disse ao POSTAL que “a cooperativa presta vários serviços aos seus associados, na vertente burocrática e também na parte da compra, depuração, embalamento e comercialização/ venda dos bivalves”.
“Nós comercializamos a amêijoa boa, o lingueirão, as ostras e o mexilhão e somos também responsáveis por estes bivalves”, acrescenta o responsável.
A Ria Formosa continua “a ser a origem da grande maioria dos bivalves produzidos e vendidos no mercado nacional, em especial a amêijoa boa, e é de grande importância que o sector, já um pouco envelhecido, sinta esse apoio”, refere a cooperativa.
A Formosa tem vindo nestes últimos 20 anos “a crescer como entidade fulcral na dinamização e apoio ao sector da moluscicultura, nomeadamente devido à informatização rápida de todos os serviços burocráticos inerentes ao funcionamento desta atividade. A cooperativa serve também de ponte estreita entre o sector, os grupos de investigação e todas as entidades estatais e não estatais”, acrescenta o responsável.
José Florêncio refere que a cooperativa “é responsável juntamente com o IPMA pela amostragem para análise dos bivalves para saber se estão
em bom estado para consumo”.
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Esgotos prejudicam as espécies e a atividade
Questionado acerca da quantidade de bivalves apanhados, o responsável reforça que “existe um decréscimo na apanha este ano, pois existiam as Zonas C, onde eram apanhados bivalves para transformação, que acabaram por passar a Zona D, onde é proibida a apanha”.
“É bom que se fale nesta Zona D, que é contaminada por esgoto. Eu considero que existe falta de civismo e de empenho”.
“A parte dos esgotos é o que faz com que a atividade se vá degradando, pois prejudica as espécies. Eu não consigo perceber como é que os políticos não abrem os olhos para este problema, que é um assunto que afeta a Ria Formosa, uma das maiores riquezas existentes em Portugal”, acrescenta o presidente da Formosa.
“Agora, quando chega a altura do verão existem muitas casas alugadas, existem muitos esgotos ligados aos fluviais que vão parar à ria, existindo muitas zonas identificadas e que ainda ninguém fez nada”, lamenta.
Para o responsável existem dois problemas que persistem. Por um lado, “os senhores que fazem caravanismo não têm sensibilidade. Em todo o lado se pára uma caravana, em todo o lado se jogam esgotos para o fluvial. Depois, temos a questão dos iates que eu não acredito que levem, por exemplo, os dejetos a nenhum sítio próprio de tratamento”.
“A Ria Formosa é igualmente contaminada com detergentes, lixívias e eu acho que as autoridades competentes deviam controlar estas situações”, afirma.
A Cooperativa da Formosa foca a sua atuação nos vários assuntos que se relacionam com a Ria Formosa.
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A Cooperativa tem ainda a funcionar desde 2014 a Formosa Mariscos – Centro de Depuração e Expedição de Moluscos Bivalves, “que mostrou logo de início ser um grande aliado na contribuição para um comércio justo e credível. Colocando no mercado o que a Ria Formosa tem de melhor para oferecer, respeitando as regras de forma a proporcionar qualidade e segurança para os consumidores de bivalves”, afirma a Formosa.
Cooperativa de Viveiristas da Ria Formosa vai participar no Festival do Marisco
A Cooperativa da Ria Formosa já participa no Festival do Marisco há cerca de nove/dez anos e este ano não vai ser exceção. Não vai faltar a amêijoa boa ou a ostra da Formosa.
Recorde-se que o Festival do Marisco de Olhão se realiza entre os próximos dias 9 e 14 de agosto, no Jardim Patrão Joaquim Lopes, junto à Ria Formosa. Uma festa onde os sabores e os saberes da Ria Formosa se aliam a muita música e animação.
(Stefanie Palma / Henrique Dias Freire)