A associação algarvia In Loco lançou um guia para promover modelos de abastecimento local de cantinas escolares ao abrigo de um projeto que visa aproximar produtores das entidades responsáveis pelas ementas nas escolas, disse à Lusa a coordenadora.
Segundo Vânia Martins, a implementação deste modelo de abastecimento beneficia não só os produtores, que assim sabem exatamente as quantidades de alimentos que devem produzir, com a garantia de escoamento, mas também o consumidor final.
“Ganha quem produz, pois as ementas estão planeadas e as cantinas sabem concretamente o que consomem e com que regularidade, e quem consome também sai a ganhar, pois tem à sua disposição produtos mais frescos, da época e com mais qualidade”, justifica.
De acordo com aquela responsável, esta é uma realidade que já existe em algumas escolas do Algarve, nomeadamente, em Loulé, que tem feito “um trabalho muito forte” nesta área, mas a In Loco quer fazer crescer o número de cantinas abastecidas com produtos locais na região.
“Há mais escolas do que nós pensávamos [com cantinas abastecidas localmente, havendo várias autarquias que estão a trabalhar nesse sentido, como Lagos, Albufeira, Castro Marim, São Brás de Alportel e Tavira”, explicou a coordenadora do projeto “Sistemas Alimentares Locais (SAL) – Local Food 4 Local Economy”.
O projeto desenvolveu-se ao longo de todo o ano de 2021 e, apesar de ter sido pensado inicialmente para abranger apenas o Algarve, acabou por integrar participantes de outras regiões, pelo facto de a maioria das ações de capacitação e oficinas terem sido em formato ‘online’.
Segundo Vânia Martins, os participantes foram, na sua maioria, representantes de autarquias, seguidos de elementos de organizações da sociedade civil, como associações de desenvolvimento local, de instituições de ensino superior, produtores e cidadãos interessados no tema.
Durante as ações realizadas, a equipa do projeto identificou que a maior parte dos constrangimentos sentidos para colocar em prática estes modelos de abastecimento local tinham a ver com dúvidas relativamente à contratação pública e aos custos de produção, assim como no mapeamento dos produtores.
Segundo aquela responsável, no que respeita à contratação pública, existe legislação que contempla e simplifica os mecanismos de aquisição a pequenos produtores, tendo este sido um dos temas que mereceu uma formação modular com especialistas durante o projeto.
Por outro lado, referiu Vânia Martins, houve um esforço para “desconstruir o mito” de que os produtos locais são mais caros do que aqueles que são comprados nas grandes cadeias de abastecimento.
O projeto, realizado com o apoio do programa Civic Europe, teve como objetivo principal preparar atores-chave para o desenho e implementação de sistemas de abastecimento de restauração coletiva com produção local, nos concelhos da região do Algarve.
Para tal, ao longo de um ano, foram envolvidos os diferentes intervenientes dos sistemas alimentares locais em espaços de formação e de discussão, com a constituição de um grupo de trabalho alargado a participantes de outras regiões do país.
O guia “Como implementar um Sistema Alimentar Local em Cantinas” congrega informação essencial ao desenvolvimento de processos de abastecimento de restauração coletiva em circuitos curtos agroalimentares.
Está disponível para distribuição gratuita em formato papel e digital, podendo ser descarregado através do ‘site’ da In Loco, em:
www.in-loco.pt
ou solicitado o envio de versão impressa através do endereço de correio eletrónico [email protected] ou do número 289 840 860.