A saúde no Algarve continua a enfrentar desafios estruturais, desde a falta de médicos de família, passando pelo défice na cobertura vacinal, até à pressão do turismo no SNS. Estes problemas exigem soluções eficazes e urgentes, especialmente numa região onde a população cresce exponencialmente no verão.
Vacinação contra a gripe: bom desempenho, mas ainda insuficiente
A taxa de vacinação contra a gripe no Algarve atingiu 80,6% entre os maiores de 65 anos, um valor acima da média nacional, mas abaixo da meta de 75% da Organização Mundial da Saúde (OMS). O presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Nuno Jacinto, sublinhou que “os números falam por si” quanto à importância da recomendação médica para a adesão à vacina, mas alertou que Portugal pode fazer mais para atingir os objetivos.
Falta de médicos no Algarve: um problema persistente
A falta de médicos continua a ser uma das maiores preocupações. Em Alcoutim, há apenas um médico, quando seriam necessários pelo menos dois para um serviço mínimo adequado, segundo o presidente da Câmara, Paulo Paulino. Em Monchique, apesar dos incentivos municipais que cobrem 80% do custo da habitação dos médicos, ainda há utentes sem médico de família. O presidente da autarquia, Paulo Alves, reforça a necessidade de mais um médico para responder à população.
SNS pressionado pelo turismo
O Algarve é uma das regiões onde a cobrança de cuidados de saúde a estrangeiros sem seguro se torna inviável, segundo a ministra da Saúde, Ana Paula Martins. Entre 2021 e 2024, cerca de 139 mil estrangeiros foram atendidos no SNS sem qualquer cobertura financeira, aumentando a pressão sobre o sistema público.
O deputado do Chega, Rui Cristina, alertou que o “turismo de saúde ameaça a sustentabilidade do sistema”, pois muitos estrangeiros beneficiam de cuidados sem qualquer contrapartida.
Exonerações na Saúde e custos para o Algarve
A exoneração da administração da Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve gerou polémica. O antigo diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, denunciou que não houve mudanças na gestão, mas sim um custo elevado. Segundo ele, as indemnizações podem ultrapassar os 500 mil euros, defendendo que o Tribunal de Contas deve avaliar a situação.
O Algarve precisa de políticas eficazes para garantir a fixação de médicos, melhorar a gestão hospitalar e assegurar um financiamento sustentável do SNS na região. A saúde não pode ser um privilégio – deve ser um direito garantido para todos.
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