A economia britânica vai levar “muitos anos” a adaptar-se totalmente às consequências do Brexit, deixando um impacto a longo prazo sobre o poder de compra, conclui um estudo da Resolution Foundation publicado esta quarta-feira.
Um dos efeitos da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), referem os autores, foi “reduzir os rendimentos das famílias como resultado da libra mais fraca e queda do investimento e do comércio”, refere o estudo.
“Imediatamente após o referendo [em 2016], o Brexit contribuiu para um aumento do custo de vida e uma queda no investimento das empresas”, disse o centro de estudos britânico.
Desde que o Brexit entrou efetivamente em vigor em 01 de janeiro de 2021, “a maior mudança na relação do Reino Unido com o resto do mundo em quase meio século”, a saída da UE “parece pesar na abertura e competitividade” da economia britânica em geral, observa a Resolution Foundation.
Durante a próxima década, o país “terá uma produtividade 1,3% mais baixa” do que se continuasse no bloco europeu, enquanto os salários em termos reais, isto é, ajustados pelos efeitos da inflação, “cairão em 470 libras (546 euros) por pessoa por ano”.
Embora o nível de importações e exportações entre o Reino Unido e UE tenham sofrido poucas alterações, as empresas britânicas tiveram de se adaptar “dadas as etapas adicionais”.
Assim, as empresas britânicas optam por vezes “por enviar diretamente para um único país da UE e utilizar distribuidores na União, em vez de exportar diretamente para mercados mais pequenos”.
A indústria pesqueira britânica é uma das mais afetadas, podendo encolher em 30% devido a dificuldades na exportação para a UE, mercado do qual dependem.
“Espera-se que as barreiras comerciais aumentem mais na agricultura e nos serviços – e em particular nos serviços profissionais mais regulamentados – do que na produção”, prevê a Resolution Foundation.
O estudo acrescenta que “esta é uma má notícia para as exportações britânicas, uma vez que 20% das nossas exportações de serviços para a UE estão na categoria altamente regulamentada de finanças e seguros”.
A publicação do estudo coincide com o aumento da inflação para 9,1%, segundo o instituto de estatísticas do Reino Unido, o ONS, o que está a alimentar uma grave crise do custo de vida no país.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) previu este mês que o Reino Unido passaria da segunda economia de crescimento mais rápido no grupo G7 de países industrializados para a de crescimento mais lento em 2023.