A Rússia está a trabalhar com o Cazaquistão num acordo para transportar mais petróleo russo para a China através daquele país da Ásia Central, tentando assim ultrapassar eventuais sanções da União Europeia neste setor, revelou esta segunda-feira o vice-primeiro-ministro russo.
Alexander Novak disse à imprensa, depois de se reunir com o grupo parlamentar da Rússia Unida, o partido que apoia o Kremlin, que o contrato para o trânsito do petróleo russo para a China através do Cazaquistão foi recentemente alargado e foi criado um grupo de trabalho para concretizar esse aumento do transporte, segundo a Interfax.
A questão da diversificação das exportações de hidrocarbonetos para a região Ásia-Pacífico “é realmente atual, já que ouvimos falar de preparativos para um novo pacote de medidas [sanções]” por parte do Ocidente, declarou o vice-primeiro-ministro russo.
Após o início da invasão da Ucrânia, o Ocidente impôs sanções contra Moscovo, abrangendo praticamente todos os setores, mas não a importação de petróleo e gás natural, com exceção dos Estados Unidos e do Reino Unido, que a 09 de março anunciaram a suspensão das importações de petróleo da Rússia.
Novak minimizou o efeito da decisão destes dois países, notando que “para o Reino Unido a Rússia praticamente não exporta, e no que diz respeito aos Estados Unidos, apenas representa 3% das exportações de petróleo bruto e 7% das exportações de hidrocarbonetos”.
O vice-primeiro-ministro russo questionou se a União Europeia (UE) vai mesmo vetar a compra de petróleo russo, mas disse que vão continuar a ouvir-se “este tipo de declarações, porque são importantes para os políticos” e que “em todo o caso, a Rússia vai expandir os fornecimentos para o crescente mercado Ásia-Pacífico”.
As sanções ocidentais colocam à Rússia novos desafios, admitiu o governante, nomeadamente nas cadeias logísticas, na segurança de navios que transportam produtos russos, bem como problemas com finanças e pagamentos.
A Rússia enfrenta atualmente vários pacotes de sanções sem precedentes de “países pouco amigáveis”, referiu o vice-primeiro-ministro, reconhecendo que as sanções afetaram também a indústria de processamento de hidrocarbonetos e o fornecimento de equipamentos de alta tecnologia necessários para o setor.
“Não direi que tudo é simples, há dificuldades (…) no entanto, as nossas empresas e nós acompanhamos a situação” e “neste momento estamos a resolver todas estas questões”, acrescentou.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 902 mortos e 1.459 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,48 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.