A maior cadeia espanhola de supermercados, a Mercadona, alcançou um volume de vendas em Portugal de 415 milhões de euros em 2021, mais 123% do que em 2020, tendo terminado o ano com 29 superfícies (mais nove).
Na apresentação dos resultados feita esta terça-feira, 15 de março, em Valência, a empresa revelou que alcançou em Portugal uma quota de mercado de 3% em 2021 e pagou 62 milhões de euros em impostos através da empresa Irmãdona Supermercados, terminando o ano com 2.500 trabalhadores e um investimento de 110 milhões de euros no país.
“A previsão para 2022 é abrir mais 10 lojas em Portugal, tendo em vista a continuidade do seu projeto de expansão no país”, avança a empresa em comunicado de imprensa.
Quanto à totalidade da Península Ibérica, a empresa apresentou lucros de 680 milhões de euros em 2021, uma redução de 6% em relação a 2020, explicado por ter decidido “não repercutir nos seus clientes a subida de custos derivada dos aumentos de preços das matérias-primas na origem, dos transportes e dos preços industriais, que tiveram um impacto de 100 milhões de euros na sua margem operacional”.
O presidente da Mercadona, Juan Roig, garantiu que “não haverá falta de produtos” na cadeia agroalimentar espanhola e portuguesa e pediu aos clientes para não açambarcar, para que não haja “escassez ocasional” de produtos tais como óleo de girassol, azeite ou farinha.
No início do seu discurso na apresentação dos resultados financeiros de Mercadona para 2021, Roig dedicou as suas primeiras palavras à guerra na Ucrânia e expressou a solidariedade para com o povo ucraniano e “o seu grande presidente”, que está “a defender-se e a arriscar a sua vida, como muitos dos seus compatriotas”.
Roig transmitiu uma mensagem de abastecimento garantido da cadeia agroalimentar espanhola e portuguesa, que é “muito forte e poderosa”, e assegurou que não haverá escassez de produtos, embora possa haver problemas em alguns momentos específicos, como aconteceu com a falta de papel higiénico em certos períodos iniciais da pandemia.
“Aconteceu em todo o mundo, e agora está a acontecer com girassol ou azeite e farinha”, mas “está a acumular-se, não é mais nada. Temos produtos mais do que suficientes”, insistiu, apontando como exemplo que o consumo de papel higiénico que duplicou no início da pandemia de covid-19 ou que em momentos específicos não existiam máscaras.
A empresa sublinhou que as vendas a aumentarem para 27.819 milhões (+3,3%) dos quais 415 milhões nas suas 29 lojas em Portugal.
Durante 2021, a empresa investiu 1.200 milhões de euros, valor que somado ao investimento dos três exercícios anteriores ultrapassa os 5.000 milhões de euros e conclui que como resultado deste investimento, finalizou o ano com um total de 1.662 supermercados, 29 dos quais em Portugal, após ter inaugurado 79 novos supermercados, nove deles em Portugal, e fechado 58 lojas “que não se ajustavam ao seu modelo de loja mais eficiente e sustentável”.
A Mercadona prevê investir um total de 1.100 milhões de euros em 2022, entre outras coisas na abertura de 68 novos supermercados, 58 em Espanha e 10 em Portugal e criar mais de 1.000 postos de trabalho “estáveis e de qualidade” em Portugal e Espanha.
A empresa avança que “o ano de 2022 está a ser muito difícil” e que o cenário inflacionista atual “está a ter impacto na empresa e vai implicar um aumento das despesas em mais de 500 milhões de euros”.
Para minimizar este impacto, a Mercadona assegura que vai continuar a apostar na “produtividade e eficiência de cada um dos processos para serem cada vez mais competitivos”.