O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou esta quarta-feira, 10 de agosto, um crescimento da taxa de inflação de julho nos 9,1%, o valor mais alto desde novembro de 1992 e que representa uma aceleração face ao valor de junho, mês em que se tinha fixado nos 8,7%.
As componentes que mais contribuíram para este aumento dos preços em julho foram a da energia, a registar uma taxa de inflação homóloga de 31,2%, acelerando 0,5 pontos percentuais face a junho; e a dos produtos alimentares não-transformados, com uma variação positiva de 13,2%, face a 11,9% em junho.
A taxa de inflação subjacente, que exclui estas componentes, foi de 6,2% em julho, 0,2 pontos percentuais acima da de junho, e o valor mais elevado desde abril de 1994.
O índice harmonizado de preços no consumidor, ou IHPC, que permite comparações entre os países da União Europeia e que é o indicador levado em conta pelo Eurostat, o gabinete de estatística dos 27, fixou-se nos 9,4% em julho, renovando pelo quinto mês consecutivo um máximo de sempre desde o início da série do IHPC, em 1996.
O valor representa uma subida de 0,4 pontos percentuais face à taxa de junho e está 0,5 pontos percentuais acima da média da zona euro avançada pelo Eurostat.
QUE PREÇOS CRESCERAM MAIS EM JULHO?
De acordo com o INE, e numa análise mais fina, vemos que os maiores crescimentos de preços face ao mês de julho de 2021 registaram-se nos custos relacionados com a habitação – o que inclui as componentes de eletricidade e de gás, que estão a ser o pomo da discórdia nas últimas semanas entre as energéticas e o Governo.
O segmento de “habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis” registou uma variação homóloga positiva de 16,6% em julho. Em junho fora de 13,5%.
E se notou que as contas de supermercado estão (ainda) mais caras, o INE confirma essa suspeita, ao reportar uma variação homóloga de 13,9% em julho do segmento dos “bens alimentares e bebidas não alcoólicas”, acelerando face a 13,2% em junho.
Entretanto, a subida de preços dos setores dos “transportes” – que inclui os combustíveis, que em agosto regressaram na bomba a preços pré-guerra – e de “lazer, recreação e cultura” abrandou em julho face a junho. No mês passado, a taxa de variação homóloga foi de 12,8% e 4,3%, respetivamente. Em junho esta fora de 14,3% e 5,5%.
INFLAÇÃO ANUAL ACELERA
A estimativa para a variação média da inflação dos últimos 12 meses fixou-se em julho de 2022 nos 4,7%, acelerando face aos 4,1% registados no mês anterior. Já a variação média do IHPC, o que conta para as comparações entre países europeus, foi de 4,8% em julho, também acelerando face aos 4,1% registados em julho.
Esta média já supera a previsão do Governo inscrita na lei orçamental e prossegue a tendência inflacionista rumo às previsões mais pessimistas das instituições internacionais que preveem taxas já bem acima dos 6%.
A Comissão Europeia, na mais recente atualização das projeções económicas de julho, prevê um IHPC anualizado de 6,8% para Portugal, o 5.º mais baixo dos países da UE e abaixo da média da zona euro (7,6%) e dos 27 (8,3%).
No boletim económico de junho, o Banco de Portugal previa uma taxa de inflação de 5,9%. Já o Fundo Monetário Internacional aponta para os 6,1% e a OCDE para os 6,3%.
A mais baixa das previsões é a do Governo que, por sua vez, previa no Orçamento do Estado uma taxa de inflação harmonizada de 4% para 2022.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL