Com mais de 100 hotéis espalhados por 16 países, o grupo Pestana está a reforçar a estratégia de diversificação para o sector imobiliário, um segmento de negócio que em 2021 representou já €94 milhões, o equivalente a 30% das receitas totais do grupo.
A reconversão do antigo hotel Madeira Palácio, no Funchal, num projeto de habitação com 181 apartamentos e a construção de 59 lotes para moradias em Brejos da Carregueira, na zona da Comporta, são os dois novos projetos de imobiliário “puro” — independente da atividade turística — que o grupo de origem madeirense tem em fase de arranque. Os trabalhos de demolição já começaram na antiga unidade hoteleira, comprada ao BCP, enquanto até ao fim do mês começam as obras em Brejos da Carregueira, adiantou ao Expresso José Roquette, o administrador com o pelouro de desenvolvimento do grupo. Na calha estão mais quatro projetos de imobiliário turístico na costa alentejana e no Algarve, num grupo que se iniciou neste segmento na década de 80 com um projeto de time-sharing no Algarve, atividade em que é hoje o quinto operador europeu.
Para José Roquette, depois da diversificação da hotelaria para 16 países, o imobiliário é um dos principais eixos estratégicos de desenvolvimento do grupo. Em 2019, antes da crise provocada pela pandemia e que serve de comparação, o imobiliário valia 15% da atividade total. Depois do annus horribilis de 2020 para o grupo hoteleiro, em 2021, com alguma recuperação do turismo, o peso do imobiliário duplicou para 30% dos resultados, atingindo os €94 milhões, adianta o administrador. “Estimamos que em 2022 o peso do imobiliário venha a ser 25%, em função da recuperação do peso da hotelaria, que deverá ganhar nova dinâmica.” E salienta que a diversificação no imobiliário — na componente residencial e na turística — é uma estratégia para manter e que representará sempre entre “25% e um terço dos resultados globais”, consoante o turismo esteja mais ou menos forte. Para além da importância da diversificação das áreas de negócio, “o facto de o imobiliário ter uma recuperação do capital mais rápida do que a área hoteleira — predominante nos nossos investimentos — vem trazer ainda maior solidez ao nosso balanço”, salienta. Uma outra orientação estratégica passa pela criação de uma construtora dentro do grupo. “Antecipámos há dois anos o aumento dos custos de construção e criámos uma construtora interna, o que nos permite hoje assegurar desde a conceção, a construção, fazer a gestão e dar a marca”, afirmou. Depois da experiência com o Oásis 21, um edifício residencial com 60 apartamentos na zona do Saldanha, em Lisboa, o grupo madeirense estreia-se no Funchal com o Madeira Acqua Residences. O projeto, da autoria dos arquitetos Rita Soares e Jaime Morais, prevê 181 apartamentos de tipologias de T1 a T4. As áreas previstas estão compreendidas entre 94 m2 e 450 m2, com valores que vão dos €300 mil aos €1,5 milhões. “Não sendo um empreendimento turístico, vamos ensaiar a oferta de alguns serviços, como limpeza e concierge”, adianta José Roquette.
Já em Brejos da Carregueira, cujas obras começam até final do mês, destinado a segunda residência, prevê 59 lotes para moradias, com áreas entre os 408 m2 e os 1210 m2. O projeto de arquitetura foi entregue ao gabinete Something Imaginary e Gonçalo Salazar de Sousa e os preços rondam os €4 mil por metro quadrado. Também nesta região, que Roquette considera uma “expansão natural dos projetos feitos em Troia”, mas com componente turística, o grupo Pestana vai arrancar ainda este mês com a construção do Comporta Village Residences, na vila do mesmo nome. O projeto, de autoria de Jaime Morais, prevê a construção de 75 unidades de alojamento com áreas de 100 m2, em média.
Poucos quilómetros mais a sul, o grupo Pestana já tem em construção o Porto Covo Village, um projeto que prevê a construção de 174 apartamentos turísticos.
No Algarve, e orientado também para um segmento alto, o grupo arrancou com as obras do Pestana Valley Carvoeiro, que prevê a construção de 32 apartamentos, com áreas entre os 92 m2 e os 97 m2 , e 44 moradias, desde 92 m2 a 122 m2. Um quarto do projeto estará concluído até ao verão de 2022 e os restantes trabalhos deverão terminar no final do próximo ano.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL