A primeira-ministra britânica, Liz Truss, anunciou esta quinta-feira, 8 de setembro, que o Governo vai congelar o preço da energia doméstica e para empresas durante dois anos, evitando o aumento de 80% previsto para estar em vigor em outubro.
A medida, afirmou, “dá às pessoas segurança sobre as contas da energia, vai reduzir a inflação e incentivar o crescimento” e permitirá apoiar o país “ao longo do inverno e no próximo e combater as causas dos preços elevados”, disse Truss aos deputados numa intervenção no parlamento.
Liz Truss indicou também que o Reino Unido irá reexaminar até ao fim do ano a trajetória para a neutralidade em emissões carbónicas até 2050 para que decorra “de uma maneira favorável para as empresas e para o crescimento”, manifestando-se “completamente comprometida” com aquele objetivo de combate às alterações climáticas.
De acordo com o plano, a “garantia do preço da energia” significa que as contas domésticas médias não serão superiores a 2500 libras [2880 euros] por ano para gás e eletricidade.
O custo estava previsto aumentar em 1 de outubro para 3500 libras [4032 euros) por ano, o triplo de há um ano, em grande parte devido ao impacto nos mercados internacionais da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Empresas e instituições públicas, como hospitais e escolas, também receberão apoio, mas por seis meses em vez de dois anos.
O Governo diz que o teto sobre os preços vai reduzir a crescente taxa de inflação do Reino Unido em quatro a cinco pontos percentuais. A taxa de inflação atingiu 10,1% em julho e deve subir para 13% antes do final do ano.
Truss não detalhou qual vai ser o preço por unidade do gás e eletricidade, nem explicou quanto vai custar este plano, que as estimativas de especialistas avaliam que ultrapassa os 100.000 milhões de libras (115.000 milhões de euros), prometendo detalhes para mais tarde.
A oposição, que já tinha proposto o congelamento dos preços da energia, criticou a recusa do governo em financiar a medida com um imposto extraordinário sobre os lucros das empresas fornecedoras de energia.
“Ela alega que um imposto extraordinário desencorajaria investimento. Isso é rídiculo. Estes impostos enormes não são a recompensa de investimento planeado, mas a o resultado inesperado da barbarie de Putin na Ucrânia. Não existe razão para que tributá-los desencorajaria investimento no futuro”, acusou o líder do partido Trabalhista, Keir Starmer.
Starmer condenou também o levantamento da proibição da exploração do gás de xisto e o aumento da exploração de gás natural no Mar do Norte, ao largo da Escócia.
Ambas as medidas são condenadas por ambientalistas, que temem que ponha em causa o compromisso legal do Reino Unido de atingir a neutralidade carbónica até 2050.