No Algarve, região de maior atratividade turística em Portugal, cerca de 90% da mão de obra imigrante no setor do turismo é proveniente do Brasil, da Índia e do Nepal, segundo dados preliminares do estudo Imigrantes na Profissão em Turismo e Hospitalidade no Algarve. O trabalho será apresentado esta sexta-feira em Albufeira, numa parceria entre a Associação KIPT, Inovação e Turismo, e a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA).
Os dados mostram que os profissionais imigrantes desempenharam um papel crucial na colmatação das 45 mil vagas existentes no setor após a pandemia, destacando-se o contributo dos brasileiros, que representam metade dos trabalhadores imigrantes da região. O estudo traça um retrato das motivações, condições de vida e expetativas destes profissionais, agrupando-os em três perfis principais.
Perfis dos imigrantes no turismo algarvio
O maior grupo, que representa 47,8% dos imigrantes, é constituído por jovens brasileiros em busca de estabilidade financeira e melhores condições de vida. Apesar de demonstrarem intenção de permanecer em Portugal, a satisfação moderada com as suas condições atuais pode influenciar a sua permanência a longo prazo.
Outro grupo significativo, composto por jovens do Brasil, Índia e Nepal (43,9%), é atraído pela promessa de um futuro mais promissor, com oportunidades de desenvolvimento pessoal e segurança. Este perfil destaca-se pela elevada satisfação com as condições de vida no país, o que reforça a intenção de permanência prolongada.
Por fim, 8,3% dos imigrantes são jovens europeus altamente qualificados, que veem Portugal como uma plataforma para networking e crescimento profissional, embora mostrem maior propensão para migrar novamente devido a alguma insatisfação com as condições de vida e a menor ligação cultural.
Desafios e soluções para integração
O estudo salienta a importância de políticas públicas que atendam às necessidades específicas de cada grupo para maximizar a retenção e satisfação dos trabalhadores estrangeiros. A valorização da qualidade de vida, a formação profissional e o fortalecimento da integração social são apontados como cruciais para o desenvolvimento sustentável do turismo regional.
Formação como aposta estratégica
O presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), André Gomes, reconhece a relevância dos trabalhadores imigrantes na atenuação da carência de recursos humanos no setor. Em resposta, a RTA lançou a segunda fase do programa de formação “Competências do Futuro Algarve”, que oferece 341 horas de capacitação gratuita até março de 2025, com foco na integração e qualificação de trabalhadores migrantes.
Além disso, a colaboração com a Organização Internacional para as Migrações (OIM) reforça uma abordagem ética e responsável na captação de trabalhadores estrangeiros, assegurando a sustentabilidade do setor.
Com estas iniciativas, o Algarve procura não só suprir as necessidades imediatas de mão de obra no turismo, mas também construir uma base sólida para o futuro do setor, onde a diversidade e a qualificação dos trabalhadores desempenham um papel de destaque.
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