A China Aviation Lithium Battery (CALB) decidiu investir 2 mil milhões de euros numa fábrica de baterias em Sines. A construção deverá iniciar-se já no segundo trimestre deste ano, segundo revelou a empresa ao Expresso. A CALB, que figura entre os dez maiores fabricantes de baterias do mundo, vê esta aposta como parte da sua estratégia de longo prazo.
De acordo com Liu Jingyu, presidente do Conselho de Administração da CALB, a iniciativa reflete o compromisso da empresa com a sustentabilidade, a inovação e o desenvolvimento do mercado europeu. O investimento foi classificado como Projeto de Interesse Nacional (PIN), o que facilita o processo burocrático para a sua implementação.
A apresentação oficial do projeto terá lugar na próxima segunda-feira, em Lisboa, com a presença do ministro da Economia, Pedro Reis. O evento antecede por dois dias a apresentação, pela Comissão Europeia, do Clean Industrial Deal, um plano que visa impulsionar a descarbonização da indústria europeia e reduzir a dependência de fornecedores externos.
A União Europeia tem procurado ganhar competitividade no setor da transição energética, onde a China desempenha um papel dominante. Neste contexto, a instalação de uma fábrica da CALB em Portugal representa um passo relevante para a diversificação da produção no espaço europeu.
Com a entrada em funcionamento da fábrica em Sines, estima-se a criação de 1800 postos de trabalho diretos. Além disso, o projeto deverá ter um impacto positivo no desenvolvimento económico do país, promovendo novas oportunidades no setor industrial e tecnológico.
A unidade fabril terá capacidade para produzir 15 gigawatts-hora (GWh) de baterias por ano. Isso corresponderá aproximadamente a 187 mil baterias para veículos elétricos, consolidando Portugal como um ponto estratégico no setor da mobilidade sustentável.
A presidente da CALB sublinha que a empresa pretende garantir uma cadeia de fornecimento sustentável e resiliente para a produção de baterias em Sines. No entanto, não revelou quais os mercados de onde a empresa irá adquirir os componentes necessários.
O mercado europeu será o principal destino da produção da fábrica. O crescimento da procura por baterias avançadas para veículos elétricos e soluções de armazenamento de energia reforça a relevância deste investimento em Portugal.
O projeto surge num momento em que a indústria das baterias enfrenta desafios significativos. Recentemente, a empresa sueca Northvolt entrou em colapso, levando à desistência da Galp de um projeto para uma refinaria de lítio em Setúbal.
Em território nacional, o Fundo Ambiental aprovou 43 candidaturas para projetos de baterias ligadas à rede elétrica. Estes projetos contarão com um financiamento de quase 100 milhões de euros, provenientes do Plano de Recuperação e Resiliência.
A Iberdrola está entre as empresas beneficiadas, tendo garantido perto de 20 milhões de euros em apoios. No entanto, há dúvidas quanto à viabilidade do prazo imposto, que exige que todos os parques de baterias estejam operacionais até ao final do ano.
A CALB obteve, em março do ano passado, uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável, ainda que condicionada, por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Este documento é essencial para o licenciamento da infraestrutura.
Segundo o Expresso, a implementação da fábrica em Sines insere-se num esforço global para acelerar a transição energética. Com este investimento, Portugal poderá reforçar o seu papel na indústria europeia de baterias e contribuir para a redução da pegada de carbono.
A decisão da CALB de apostar no mercado português demonstra a crescente atratividade do país para investimentos no setor tecnológico e energético. O projeto poderá ainda abrir portas para futuras colaborações internacionais na área da mobilidade sustentável.
Se a fábrica cumprir os prazos estabelecidos, Portugal consolidará a sua posição como um dos principais centros de produção de baterias na Europa. O impacto na economia e na inovação tecnológica poderá ser significativo nos próximos anos.
Leia também: Onde costuma guardar o azeite? Sítio mais comum “é um dos piores lugares para o guardar”