Os preços da eletricidade de Portugal e Espanha, para quem está no mercado regulado, estão 18% abaixo do que estariam sem o mecanismo conhecido como “excepção ibérica” no setor da energia, segundo um estudo da Universidade Complutense de Madrid citado pelo jornal “El País” esta quinta-feira, 4 de agosto. Os países passam, assim, de estar no grupo dos que mais pagavam pela luz na Europa para estar entre os que têm eletricidade mais barata.
Em média, e desde a aplicação do limite a 15 de junho, os preços no mercado ibérico do megawatt hora (MWh), segundo o estudo, rondam os 264 euros. Face à média do período de 1 de abril a 14 de junho, este preço está 38% acima. Mas, ainda assim, graças a este mecanismo, os preços estão 20% abaixo do que poderiam estar.
A comparação com os restantes países da Europa mostra a colossal discrepância de preços praticados nos respetivos mercados, com o MWh italiano a disparar 70% para os 396 euros, o francês 76% para os 368 euros, o belga, 72% para os 304 euros, e o alemão, 73% para os 297 euros.
O mecanismo, negociado com a Comissão Europeia, exclui os países ibéricos, que constituem o Mercado Ibérico de Eletricidade (Mibel), dos preços do gás praticados nos mercados internacionais, impondo um tecto máximo para este combustível usado na geração de eletricidade.
Segundo o “Jornal de Negócios”, o ajuste médio mensal a ser pago pelos consumidores do mercado não-regulado foi de 115,5 euros por MWh, um valor que é a diferença entre o preço do gás no mercado ‘spot’ europeu, acima dos 150 euros por MWh, e o valor definido para o tecto na geração de eletricidade, de 40 euros por MWh. Se os clientes do mercado regulado estão, por ora, protegidos dos aumentos, a discrepância dos preços do gás vai sendo paga pelos consumidores que estão no mercado liberalizado.
O presidente da Endesa já veio avisar que o diferencial terá de ser pago pelos consumidores, antecipando aumentos de 40%, o que provocou uma resposta do Governo que incluiu a obrigatoriedade da validação ministerial de todas as faturas dos contratos que o Estado tem com a energética italo-espanhola.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL