Em causa estão as falhas denunciadas pelo Expresso e pela SIC Notícias na atribuição do apoio extraordinário criado pelo Governo para mitigar os efeitos do aumento dos preços no bolso dos que vivem com mais dificuldades. O deputado do Chega, Pedro Pinto, questionou a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, sobre o caso da morada, em Lisboa, para onde foram enviados mais de 33 cheques no valor de 125 euros, para diferentes beneficiários. A ministra assegura que “há fiscalização” e que, sempre que se confirmem “situações anómalas”, serão aplicadas “consequências, até ao limite”.
Foi perante a incredulidade dos membros do Governo que o deputado elencou uma lista de nomes de cidadãos estrangeiros, destinatários dos 33 cheques remetidos para “a mesma morada, numa rua de Lisboa com 400 metros, mas onde moram mais de dez mil pessoas”. O deputado do Chega questionou Ana Mendes Godinho sobre o que falhou na atribuição deste apoio, quantos casos semelhantes terão sido identificados, qual o montante que terá sido pago em apoio indevidos e se há ou não cruzamento de dados na Segurança Social.
A ministra não respondeu, criticando o deputado por expor o nome das pessoas visadas: “Acho inaceitável que tenha referido nomes. Nós não acreditamos em portugueses de mal e portugueses de bem. Acreditamos que as pessoas que vivem em Portugal, independentemente do seu nome, origem, da sua família, têm direito a uma vida digna”, garantindo que as medidas desenvolvidas “não são condicionadas pelo nome ou nacionalidade dos beneficiários”.
Pedro Pinto insistiu: “Houve um erro da Segurança Social e os portugueses têm direito a saber quanto é que isso custou”. Ana Mendes Godinho garantiu apenas que sempre que sejam identificadas “situações anómalas”, haverá lugar “fiscalização” e serão aplicadas as “consequências, até ao limite”.
Caso repete-se em Tavira com vários cheques enviados para a mesma morada
Cerca de quinze dias depois do caso dos “33 cheques enviados para a mesma morada em Lisboa”, a situação parece ter-se repetido, mas desta vez na cidade de Tavira.
Segundo apurou o POSTAL, além dos dez cheques de 125€ colocados dentro de um barco de madeira, junto à margem do Rio Gilão [ver foto], várias dezenas de outros envelopes foram vistos nos últimos dias espalhados junto à rampa dos barcos, situada entre o Pingo Doce e a Ponte dos Descobrimentos.
Uma fonte devidamente identificada disse ao POSTAL que as correntes das marés já terão levado, pelo menos, mais de 30 a 40 envelopes, com os tais cheques de 125€: “nalguns casos, era visível apenas cheques a boiarem já sem os envelopes”.
Na imagem que aqui publicamos é visível a mesma morada: Praceta das Bernardas, nº 11 – 1º Frente, em Tavira. Os nomes dos remetentes não são portugueses e poderão indiciar que alguém terá usado esta morada para inscrever dezenas de imigrantes na Segurança Social.
A Praceta das Bernardas é uma praça situada perto da Esquadra da PSP de Tavira e da Igreja do antigo convento de Santo António dos Capuchos.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL, com exclusivo do jornal POSTAL