A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, criticou esta sexta-feira, em Faro, “os milhões” do investimento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e a “absoluta opacidade” da forma como são decididos.
“O que está a acontecer podia ter sido evitado? Sim. E o choque que se tem com os números só acontece porque se andou a esconder os números até agora”, disse Catarina Martins à margem de uma visita que fez ao Teatro Lethes, uma sala de espetáculos histórica no centro da capital algarvia.
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) insistiu na existência de “um duplo problema: os milhões que estão a ser gastos e que o país se pergunta, e bem, se têm sentido e, por outro lado, a absoluta opacidade da forma como são decididos”.
Catarina Martins disse que houve uma “união entre a maioria absoluta do Partido Socialista e a direita para permitir ajustes diretos muito acima dos limites, que estão muito acima para esta JMJ” e assegurou que a partir de agora haverá “mais escrutínio” por parte da Assembleia da República.
“O que não tem nenhum sentido é decisões de milhões a serem tomadas por ajuste direto nas costas do país e a maioria absoluta que caucionou tudo isto estar calada até agora”, declarou a dirigente partidária.
Catarina Martins defende que os investimentos na JMJ deviam ser pagos pela própria Igreja
A líder do BE fez questão em “registar” que na quinta-feira tenham sido feitas três declarações “completamente contraditórias que criaram mais confusão do esclareceram: por parte da Igreja, do Presidente da Câmara [de Lisboa] e do Presidente da República”.
“E registo também o absoluto silêncio da maioria absoluta [do PS] que apoiou o projeto de trazer as jornadas, que apoiou este tipo de investimento e que até aumentou o limite aos ajustes diretos para permitir que acontecesse assim e que toda a gente depois ficasse muito espantada com números porque foram escondidos”, acrescentou.
Catarina Martins defendeu que os investimentos na JMJ deviam ser pagos, “como no resto do mundo, pela própria Igreja”, havendo outras questões, como aquelas que têm a ver com a requalificação do território onde a jornada se vai realizar que devia ser discutida “de forma democrática e de forma transparente”.
Apesar de os municípios e o Governo terem anunciado há meses os valores previstos, os custos do evento têm suscitado polémica nos últimos dias, desde que foi conhecido que a construção do altar-palco no principal local do vento (Parque Tejo) ascenderá a 5,3 milhões de euros. A obra já foi adjudicada à Mota-Engil pela Câmara de Lisboa.
A JMJ é o maior encontro de jovens católicos de todo o mundo com o Papa, que acontece a cada dois ou três anos, entre julho e agosto.
Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, o encontro vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 01 e 06 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.
As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, na zona norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.
As jornadas nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.