O aeroporto de Faro vai ter este verão, e já a partir de abril, seis novas rotas e dez frequências reforçadas para oito países (Alemanha, Espanha, Canadá, República Checa, Bélgica, França, Luxemburgo e Noruega), representando um acréscimo de 260 mil lugares de avião, o que é “um sinal muito reconfortante” face à retoma esperada em 2022, segundo adianta João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA).
“Já conseguimos recuperar 93% das ligações aos cinco principais mercados emissores, Reino Unido, Alemanha, Irlanda, França e Países Baixos”, nota o responsável, referindo que o nível de recuperação de voos em relação a 2019, o ano pré-pandemia, atingiu 99% falando do ‘top 5’ dos principais operadores para a região (Ryanair, Easyjet, Jet2, Transavia e British Airways).
As novas rotas previstas para o Algarve este verão incluem voos para Nuremberga e Muenchester (na Alemanha, operados pela Corendon que faz a sua estreia no aeroporto de Faro), para Toronto (no Canadá, pela Air Transact), ou para Praga (na República Checa, pela Eurowings). Além disso, rotas existentes são reforçadas para uma série de cidades, como Colónia, Bruxelas, madrid, Toulouse ou Oslo).
Ao todo, 88% dos destinos para Faro vão ser retomados este verão, e dos 53 países para onde o Algarve era servido com ligações aéreas apenas dois vão ficar de fora: Ucrânia e Hungria.
“Temos bons indicadores de reservas na região, mas há um grau de incerteza relativamente ao impacto da guerra na Ucrânia, sobretudo a preocupação com a subida de preços dos bens e serviços que afetam toda a cadeia de valor do turismo, desde os combustíveis às farinhas ou aos óleos de girassol”, nota o presidente da RTA, enfatizando haver “um conjunto alargado de serviços de base do turismo a escalar no preço”.
O Algarve poderá de alguma forma beneficiar do ‘desvio’ de reservas de países mais próximos à zona de conflito, como a Turquia? “É difícil antever o comportamento do mercado a nível de desvio de fluxos ou de retração da procura”, considera João Fernandes, reconhecendo que países como a Polónia ou a Finlândia poderão ser alvo de uma retração no consumo de viagens “por estarem mais perto de um conflito que é grave e assustador”, algo em que o Algarve está mais a salvo. “Naturalmente, um destino geograficamente mais afastado tem menor conotação com o conflito”, refere.
O Algarve também lançou esta segunda-feira a campanha “It´s easier to book now”, com o objetivo de “dar a segurança de que existe a maior facilidade de viajar” em relação à pandemia, que vai estar disponível em cinco idiomas e dirigida aos dez maiores mercados emissores (Reino Unido, Alemanha, Suécia, Dinamarca, Finlândia, França, Itália, Holanda, Noruega e Suiça). A campanha decorre nas principais redes sociais, Facebook, Youtube, Instagram e Tik Tok.
“Face a este contexto, é importante fazer esforços para captar reservas e reforçar a notoriedade do destino”, faz notar o responsável do turismo do Algarve, dando o exemplo do “Governo britânico que anunciou que a 18 de março deixará de ter quaisquer restrições de viagens associadas à covid”.
UCRANIANOS NO ALGARVE PODEM VIR A SER MAIS DE 10 MIL
Outra das preocupações no Algarve é o recrutamento de recursos humanos numa fase que se prevê de recuperação para o turismo – e que poderá ser mitigada com a mão-de-obra de refugiados ucranianos que estão a chegar em volumes crescentes à região.
“Estas pessoas que fogem de um conflito tão grave precisam de tempo para se restabelecer. A maior parte das que chegam até nós têm filhos a cargo e muitas vezes também idosos dependentes, pelo que é preciso primeiro responder a estas necessidades e depois pensar numa integração profissional”, faz notar o presidente da RTA.
João Fernandes realça que “hoje temos todos os instrumentos para regularizar estas pessoas no sentido de poderem trabalhar, e há relatos de empresas que já estão a acolher estes trabalhadores, que são sobretudo familiares da comunidade ucraniana residente”.
O Algarve tinha em 2020 cerca de 5,7 mil ucranianos registados, segundo dados do SEF, “mas em 2009 eram mais de 10 mil, e penso que rapidamente atingiremos números parecidos”, sustenta João Fernandes, salientado que neste campo a região pode funcionar no país como um ‘hub’ “por ter a vantagem de ter uma comunidade ucraniana residente e que pode facilitar a sua integração”.
O Algarve está presente na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), que começou na FIL esta quarta-feira, a promover uma “oferta mais diversificada com novas motivações de visita”, que vai além do sol e mar ou do golfe – e que inclui “turismo criativo e cultural” (que foi objeto de 10 novos programas na região), além de turismo industrial “que não é de associação fácil ao Algarve, mas temos minas de sal-gema, a produção e transformação de cortiça em São Brás ou a produção de conservas tão tradicional na região”. Trata-se de produtos “virados para a autenticidade, e disponíveis fora da época alta, uma tendência de procura que a pandemia acentuou”.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL