Geraint Thomas veio à Volta ao Algarve em bicicleta para ajudar os seus rapazes, colocando-se ao serviço da INEOS, numa época em que ambiciona “o melhor resultado possível” no Giro e ver o que acontece no Tour.
Antes do arranque da 50.ª edição da ‘Algarvia’, o experiente galês já tinha avisado que não vinha para lutar pelo ‘tri’ e, na estrada, comprovou-o: na subida à Fóia, descaiu para ‘rebocar’ Filippo Ganna, o ainda vice-campeão em título, um dia depois de ter assomado à dianteira do pelotão para assegurar que todos chegavam a salvo à meta em Lagos, após uns derradeiros quilómetros algo traiçoeiros.
“Quero apenas ajudar os rapazes, ver o que posso fazer por eles. É esse o plano para esta semana”, disse à Lusa o campeão das edições de 2015 e 2016 da Volta ao Algarve, descartando-se da lista de favoritos à vitória no contrarrelógio deste sábado, em Albufeira.
Para já, não se está a sair mal na sua missão, uma vez que a equipa britânica tem Tom Pidcock no sexto lugar, a 18 segundos do camisola amarela Daniel Martínez (BORA-hansgrohe), e Thymen Arensman no nono, a 23.
Principal referência da INEOS, ‘G’ sempre demonstrou não ter problemas em trabalhar para outros, apesar do seu currículo invejável, mas espera ter o seu momento na próxima Volta a Itália, depois de ter perdido a ‘maglia rosa’ (e a vitória final) no contrarrelógio do penúltimo dia para o esloveno Primoz Roglic.
No entanto, Thomas elevou a ‘parada’ e vai, aos 37 anos, tentar a ‘dobradinha’ Giro-Tour, algo que experimentou uma única vez na sua carreira, em 2017 – desistiu em ambas as provas.
“Penso que o objetivo é ir ao Giro, fazer o melhor resultado possível, e, depois disso, ver o que acontece. Perceber se consigo recuperar e ir à Volta a França e ver o que posso fazer, seja ajudar a equipa ou tentar um resultado a título individual. Jogaremos as ‘cartas’ e veremos o que acontece”, explicou à Lusa.
O trauma da ‘derrota’ na última edição da ‘corsa rosa’, em que o português João Almeida (UAE Emirates) foi terceiro, parece já estar superado, com o único galês a vencer a Volta a França (2018) – foi ainda vice-campeão da ‘Grande Boucle’ em 2019 e terceiro em 2022 – a preferir, no entanto, não antecipar se pode melhorar o resultado de 2023.
“Não sei, cada corrida é diferente, cada ano é um ano. Vai ser um pelotão forte, obviamente com destaque para o Pogacar”, notou.
O esloveno da UAE Emirates, campeão do Tour em 2020 e 2021 e ‘vice’ nas últimas duas edições, vai estrear-se no Giro e Thomas sabe que ‘Pogi’ será mesmo o seu maior adversário na prova italiana (04 a 26 de maio), com ambos a rumarem depois à Volta a França, que arranca em 29 de junho, em Florença (Itália), e termina em 21 de julho, em Nice, devido à proximidade de datas com os Jogos Olímpicos Paris2024.
“Adoraria ir aos Jogos. Claro que a Grã-Bretanha tem uma equipa forte, é uma nação forte, por isso tenho de esperar [para saber se é convocado]”, reconheceu ainda o duas vezes campeão olímpico na pista (na perseguição por equipas, em Pequim2008 e Londres2012).
Texto Ana Marques Gonçalves, da agência Lusa
Leia também: Volta ao Algarve: Geoghegan Hart está “feliz” por estar “competitivo”