- Por Ana Marques Gonçalves, da agência Lusa
Iúri Leitão enfrenta uma época “bastante importante” quer na estrada, quer na pista, com o sonho do inédito apuramento olímpico para Paris2024 a rivalizar com o desejo de vencer com as cores da Caja Rural.
O ‘pistard’ português, de 24 anos, ‘aterrou’ na 49.ª Volta ao Algarve vindo de Grenchen (Suíça), onde ficou, juntamente com Rui Oliveira (UAE Emirates), a um ponto da medalha de bronze em madison, nos Europeus de ciclismo de pista.
“Foi bastante perto. No final, houve um pouco de frustração, mas, no final do dia, quando parámos para analisar a corrida e ver a prestação que fizemos, ficámos bastante satisfeitos. Fizemos uma corrida bastante ofensiva e, claro, acho que merecíamos uma medalha, mas todos lutamos para o mesmo”, concedeu.
Já mais a ‘frio’, após a desilusão inicial, Iúri Leitão consegue ver o lado positivo daquele resultado, “porque a qualificação olímpica já começou e iniciar com um quarto lugar no campeonato continental é bastante positivo”.
Qualquer conversa recente com o corredor de Viana do Castelo – como acontece com os gémeos Rui e Ivo Oliveira (UAE Emirates) ou com João Matias (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua) – desemboca num tema: a luta pelo inédito apuramento masculino em pista para os Jogos Olímpicos.
“Para a nossa equipa de pista, é o nosso maior objetivo até agora. Foi bastante frustrante não termos conseguido da última vez [Tóquio2020], tivemos muitos azares, mas acho que agora estamos num ponto diferente em relação aos nossos adversários e acho que estamos em melhores condições de podermos qualificar-nos”, defendeu o duas vezes campeão europeu de scratch (2020 e 2022), em declarações à Lusa.
Paris2024 é uma ‘obsessão’ para os ‘pistards’ portugueses, que, segundo Leitão, têm “a união” como “arma secreta”
“É fundamental termos o nosso espírito de grupo. Somos todos como irmãos e claro que essa parte é fundamental para ajudar na nossa evolução, a superar-nos no dia a dia e a termos um companheirismo diferente das outras seleções na hora de competir”, enumerou.
Vice-campeão mundial de eliminação em 2021, o ciclista dos espanhóis da Caja Rural reconhece que a época acaba por tornar-se muito longa, com poucos momentos de descanso em duas vertentes que têm calendários diferentes.
“Enquanto muitos atletas podem começar a temporada em janeiro, fevereiro, e pouco a pouco ir evoluindo, nós já tivemos de começar com uma forma bastante apurada para o Campeonato da Europa e, claro, é difícil conciliar, porque há muitas competições, pouco tempo para recuperar. Quando estamos a recuperar na estrada, por vezes, temos competições de pista e vice-versa, então sim, é bastante complicado”, confessou.
Com o sonho olímpico de Paris2024 tão presente, onde fica, afinal, a estrada? “Bom, acho que fica no mesmo patamar da pista. É um ano também bastante importante para mim, espero que de consagração na estrada. Acho que esta preparação extra, esse foco que vou ter de ter para a qualificação olímpica, vai-me ser bastante útil na estrada também”, sustentou.
Após uma época marcada por uma queda grave, e na qual venceu apenas por uma vez, na segunda etapa da prova francesa Ronde de l’Oise, Leitão quer deixar definitivamente para trás os azares e consolidar-se com o sprinter vencedor que demonstrou ser em terras portuguesas, antes da mudança para a Caja Rural.
“Penso que, no ano passado, comecei um bocadinho fora da preparação que eu devia e fui quase metade do ano atrás do prejuízo e, quando finalmente comecei a sentir-me melhor, tive uma queda que me deixou bastante afetado e não pude competir mais, inclusive deixou-me fora do Campeonato do Mundo de pista. Foi bastante frustrante no final da época ter tido esse infortúnio, mas estamos num novo ano e temos de olhar para as coisas com um olhar novo”, vincou.
O ciclista português acredita que “vai tudo correr bem” esta temporada, para que possa cumprir o seu grande objetivo na estrada: “Acho que, como todos os ciclistas, o que eu quero é ganhar e a minha equipa quer a mesma coisa. Temos tudo para o conseguir”.