Jai Hindley está de regresso à Volta ao Algarve, a prova que o ‘lançou’ para o ciclismo profissional, procurando apurar a forma rumo ao Tour, onde espera lutar pela amarela num percurso “perfeito” para as suas características.
Embora seja o campeão em título da Volta a Itália, o australiano da BORA-hansgrohe passa quase despercebido no pelotão da ‘Algarvia’; junto ao autocarro da sua equipa, não há multidões, nem jornalistas expectantes, apenas ‘staff’ da equipa alemã, que se apronta a chamá-lo para uma conversa com a agência Lusa.
“Na verdade, [a Volta ao Algarve de 2018] foi a minha primeira corrida profissional, quando era neo-pro na Europa. É bom estar de volta. Talvez a meteorologia tenha estado mais simpática em 2018, mas é bom estar aqui”, dispara, quando questionado sobre o seu regresso à única prova portuguesa do circuito UCI ProSeries, que decorre até domingo.
Muito mudou na vida de Hindley nos últimos cinco anos: primeiro, ainda na era pré-pandemia, impôs-se no Herald Sun Tour, antes de lutar, com João Almeida, pela vitória na geral do Giro2020, no qual ganhou uma etapa e foi segundo atrás de Tao Geoghegan Hart. Depois, deu o salto decisivo de qualidade ao tornar-se, no ano passado, no primeiro australiano a ganhar a ‘corsa rosa’.
Hoje, está na Volta ao Algarve, porque esta “é uma boa corrida para começar a época na Europa, ‘encontrar’ as pernas” e habituar-se “ao estilo de correr europeu”, e não por ambicionar vestir a amarela no final.
“Ainda é muito cedo na época. Temos objetivos maiores planeados para mais tarde no ano, por isso não estou seguro quanto a quão boa vai ser a forma. A primeira corrida quando regresso à Europa é sempre imprevisível. Vamos ver como corre. Estou a sentir-me bem, e temos um bom grupo aqui. O Sergio [Higuita] também está muito forte neste momento. Esperamos que possamos estar na luta pela geral”, assume.
A 49.ª Volta ao Algarve, a primeira prova na Europa do ciclista de 26 anos desde setembro, quando acabou a Vuelta2022 em 10.º, marcará também o reencontro do australiano com João Almeida, seu rival no Giro2020, mas também no ano passado, quando o português da UAE Emirates foi forçado a abandonar, à 17.ª etapa, por estar com covid-19.
“Ele é um corredor forte e tenho a certeza que estará bem aqui. Está a correr em casa, em Portugal. Estou desejoso de voltar a competir e será bom revê-lo”, admite, em declarações à Lusa.
Contudo, o tão ansiado reencontro entre os protagonistas da Volta a Itália de 2020 e 2022 vai cingir-se à prova portuguesa, já que Hindley tem planos distintos para esta temporada.
“Provavelmente, a Volta a França será o grande objetivo. Então, tudo, todas as corridas antes disso, serão apenas preparação para o Tour e para tentar encontrar a forma ideal”, reconhece.
Depois de entrar na galeria de campeões da ‘corsa rosa’, “o plano” do disponível e afável corredor da BORA-hansgrohe é fazer o mesmo na ‘Grande Boucle’. “Mas, obviamente, não é assim tão fácil. Seria apenas bom estar lá em França, em julho. Estou ansioso por isso”, completa.
A seu favor tem, na sua opinião, um traçado que o favorece, já que conta apenas com um contrarrelógio de 22 quilómetros, à 16.ª etapa, e oito etapas de montanha, com quatro chegadas em alto e passagens nas cinco cordilheiras montanhosas francesas.
“Para mim, enquanto trepador puro, é um percurso muito bom. Penso que o Tour não pode ficar melhor do que isso, ainda mais com apenas um contrarrelógio, muitas etapas com subidas duras e mais quilómetros de subida do que o habitual…Para mim, certamente é um percurso perfeito”, prognostica.