Remco Evenepoel ainda agora conquistou o ‘tri’ na Volta ao Algarve e já pensa em tornar-se recordista solitário de triunfos na prova, prometendo regressar para tentar desempatar com o ciclista português Belmiro Silva.
“Seria bom ser o recordista solitário aqui. Penso que agora já é bastante bom ter três vitórias em três participações”, salientou o vencedor da 50.ª ‘Algarvia’.
Aos 24 anos, a ‘estrela’ belga da Soudal Quick-Step igualou o português Belmiro Silva, que venceu as edições de 1977, 1981 e 1984, juntando o triunfo deste domingo aos conseguidos em 2020 e 2022.
“Penso que talvez deva manter a frequência, falhando um ano e voltando na época seguinte. Talvez isso me dê sorte”, brincou.
Evenepoel vincou que gosta muito de alinhar na Volta ao Algarve, onde “o nível é sempre muito elevado”, descrevendo-a como “uma boa corrida para testar as pernas” na estreia de cada época.
“Gosto muito disto, do país, dos fãs, das estradas. Tudo e toda a gente é super agradável. Não sei quanto ao próximo ano, mas seguramente regressarei a esta prova”, reforçou.
O sempre ambicioso vencedor da Vuelta2022 e atual campeão mundial de contrarrelógio estava desiludido por hoje não ter vencido a quinta etapa, com chegada ao alto do Malhão (Loulé), mas acabou por conceder que “talvez” esta tenha sido uma semana perfeita.
“Sem problemas, sem quedas. Dois segundos lugares, uma vitória de etapa, além do triunfo da semana passada, que também não podemos esquecer”, disse, referindo-se à Clássica da Figueira, que ganhou de forma autoritária com um ataque solitário a mais de 50 quilómetros da meta, logo no seu primeiro dia de competição na temporada.
Evenepoel regressa agora a casa, depois de uma semana em que deu muito de si, antes de rumar ao Paris-Nice (03 a 10 de março).
“Foi uma semana de trabalho intenso, que me vai permitir ficar mais uns furos acima. Estou muito feliz com esta vitória na classificação geral”, concluiu.
Declarações após a quinta e última etapa da 50.ª edição da Volta ao Algarve
– Remco Evenepoel, Bel, Soudal Quick-Step (vencedor da geral individual): “Sinto-me feliz. Devo estar feliz com esta terceira vitória. É uma boa sensação vir cá [Portugal] e voltar para casa com três vitórias e dois segundos lugares.
Ficámos calmos [com ataque de Van Aert] como puderam ver na televisão. Claro que tivemos de sacrificar muita energia dos rapazes, porque tiveram de perseguir antes do esperado, mas penso que mostrámos quão mentalmente fortes somos nesta equipa, nunca entrando em pânico, em qualquer que seja a circunstância, especialmente na que o Wout criou.
Penso que lidámos muito bem com essa situação, mas infelizmente fui novamente segundo atrás do Dani [Martínez].
Tive um problema mecânico, o que foi uma pena, porque, durante uma subida como esta, esse problema ‘magoou’ um pouco as minhas pernas. Penso que na minha cabeça fiquei bastante calmo. […] A minha aceleração foi um pouco menor no final, devido à energia que perdi”
– Daniel Martínez, Col, BORA-hansgrohe (vencedor da etapa e da classificação da montanha e segundo da geral individual): “Foi-se rápido durante toda a etapa e, depois, formou-se uma fuga. Queríamos ganhar a etapa, por isso tivemos de perseguir, mas não esperávamos o ataque de [Wout] Van Aert desde tão longe. Isso colocou-nos um pouco contra as cordas, porque tivemos de puxar ainda mais com os homens que sobravam.
No final, conseguimos alcançá-los [aos fugitivos], sentia-me com boas pernas e pude concluir o trabalho.
[Ser segundo na geral] é muito especial, porque nesta corrida houve muito nível. Estava o Remco [Evenepoel], o Van Aert, o Sepp [Kuss], que também sobe muito bem. Havia muitos ciclistas que podiam sair-se bem e no início da época toda a gente tem vontade de vencer.
(camisola da montanha) Aqui, tudo o que ganhamos é bem-vindo. Tudo é especial”.
– Jan Tratnik, Esl, Visma-Lease a Bike (terceiro da geral individual): “O meu plano para o início de época era estar na discussão de corridas de um dia, mas estou em muito boa forma e tentei lutar pela geral. Penso que valeu a pena.
Hoje, tentámos divertir-nos na bicicleta e tornar a corrida atrativa. Antes da etapa de hoje, tínhamos três ciclistas no ‘top 11’ e pensámos: por que não arriscar? Se não tentarmos, não sabemos. O Wout [van Aert] sacrificou-se e disse que ia tentar criar o caos no pelotão. Foi um ataque fantástico. Três equipas tiveram de perseguir para o alcançar.
Penso que o ataque foi realmente bom e eu não tive de fazer nada. Limitei-me a ‘sentar-me’ lá atrás [no pelotão] e esperar”.
– Gerben Thijssen, Bel, Intermarché-Wanty (vencedor da classificação por pontos): “É muito bom [ganhar a camisola verde]. É a primeira camisola desde que sou corredor profissional. É bom começar a época assim.
De certeza, de certeza [que vai voltar para o ano]. É 100% certo que cá estarei”.
– António Morgado, Por, UAE Emirates (vencedor da classificação da juventude): “Tenho feito um trabalho certo agora nos últimos tempos, nos últimos quatro meses e esta camisola sabe bem.
Tenho estado a sentir-me bem, tenho estado com boas sensações a treinar e a correr também. Temos muitas hierarquias [na equipa], temos que ir com calma e a estrada no futuro dirá.
Tenho-me surpreendido a mim mesmo. Estou satisfeito com a prestação na ‘Algarvia’, estou muito feliz”.
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