O Tondela venceu hoje em casa do Portimonense por 2-1, em jogo da 20.ª jornada da I Liga de futebol, no qual os tondelenses viraram um resultado desfavorável na segunda metade.
Os algarvios, que estão há seis jogos sem ganhar para a Liga, ainda atingiram o intervalo em vantagem, depois de um golo de Angulo, aos 34 minutos, mas a expulsão de Relvas, aos 59, com cartão vermelho direto, dificultou a tarefa, tendo o Tondela, que interrompeu uma série de três jogos sem vencer, virado o resultado com tentos de Undabarrena, aos 80, e de Boselli, aos 88.
Com esta vitória, o Tondela iguala o Santa Clara no 11.º lugar, com 20 pontos, enquanto o Portimonense é oitavo classificado, com os mesmos 25 pontos do Estoril, sétimo.
O virar do jogo nos últimos dez minutos
O Tondela voltou às vitórias na Liga de futebol, aproveitando a inferioridade numérica do Portimonense a partir dos 59 minutos para dar volta ao jogo da 20.ª jornada da prova, com dois golos nos últimos 10 minutos.
Angulo, aos 34 minutos, após uma grande jogada individual dentro da área, deu vantagem aos algarvios, que ficaram reduzidos a 10 após vermelho direto a Filipe Relvas e viram o adversário garantir a reviravolta no marcador com golos de Undabarrena (80) e Boselli (88).
O Tondela, que não vencia há três partidas, subiu ao 11.º lugar, com 20 pontos, enquanto o Portimonense, há seis jogos sem ganhar no campeonato, é oitavo, com 25.
Com várias ausências por castigo e devido à covid-19, o Portimonense entrou em campo com seis mudanças no ‘onze’, face à derrota com o Gil Vicente em Barcelos (1-0), e sem guarda-redes no banco.
No Tondela, também houve seis alterações – o extremo espanhol Avilés, reforço de inverno, fez a sua estreia – depois do desaire caseiro com o Vizela (2-3), cinco delas por opção do treinador Pako Ayestarán.
A equipa beirã até teve o primeiro momento de perigo – num ‘tiro’ do médio Undabarrena que passou a rasar o poste –, logo no segundo minuto, mas os algarvios não demoraram muito a ‘pegar’ no jogo.
Com mais suplentes do que o habitual, viu-se hoje um Portimonense em melhor nível perante os seus adeptos do que nos tempos recentes – duas vitórias em 10 jogos em casa na Liga esta temporada –, mais concentrado e com mais dinâmica ofensiva, perante um Tondela praticamente inofensivo durante todo o primeiro tempo.
Ewerton, numa incursão pelo corredor central, concluída com remate para defesa apertada de Pedro Trigueira, aos 13 minutos, e Angulo, que falhou o desvio após boa jogada de Nakajima, aos 30, protagonizaram as principais ameaças de golo para os locais.
Seria mesmo o extremo colombiano a abrir o ativo, à passagem dos 34 minutos: recebeu de Aponza e, dentro da área, pela meia esquerda, fez um ‘slalom’ por três defesas, rematando cruzado e forte ao ângulo superior contrário.
Só perto do intervalo, aos 45 minutos, é que os forasteiros voltaram a criar perigo: Salvador Agra, em diagonal a partir da esquerda, ganhou espaço à entrada da área e rematou forte, obrigando Nakamura a esticar-se para ceder canto.
O início de segunda parte mostrou um Tondela mais ‘em jogo’ – Salvador Agra voltou a incomodar o guardião japonês, desta vez de bola parada, aos 54 –, ascendente que se intensificou após a expulsão do central Filipe Relvas, devido a entrada impetuosa (59).
Sem defesas no banco, Paulo Sérgio colocou o lateral Moufi no eixo defensivo e o extremo Angulo recuou no terreno, atrasando as linhas da equipa para defender a vantagem, mas não evitou a reviravolta na partida.
Aos 80, Undabarrena igualou, com um remate de fora da área que entrou junto ao poste esquerdo da baliza algarvia, com os algarvios a reclamarem falta no início da jogada, e aos 88 Boselli ‘selou’ o triunfo de cabeça, após centro de Salvador Agra.
Já nos descontos (90+3), Nakajima teve nos pés o golo do empate, mas Undabarrena, decisivo no ataque e na defesa, cortou a bola em cima da linha de golo.
Declarações
Declarações após o jogo Portimonense-Tondela (1-2), da 20.ª jornada da I Liga de futebol, disputado hoje no Estádio Municipal de Portimão:
Paulo Sérgio (treinador do Portimonense): [Depois da primeira parte, não esperava o que aconteceu na segunda?] De certa forma já estava desconfiado. Foi mau demais. Num dia em que tivemos tantos problemas e ausências de última hora, demos oportunidade a mais uma quantidade de jovens, que tão boa conta deram do recado, e depois levar com isto.
Começámos com uma expulsão no jogo da Taça em Famalicão sem que nada o justificasse, mas conseguimos passar a eliminatória; sofremos três golos de um jogador [Paulinho] que devia ter sido expulso em Alvalade [contra o Sporting]; contra o Marítimo há um golo limpo que nos dava o 2-0 e foi anulado e ‘à traição’ levamos um golo com a equipa toda desposicionada; na semana passada [contra o Gil Vicente], o Lucas Fernandes foi expulso de forma muito ‘soft’; e hoje, o Relvas [expulso] leva o pé na frente e o adversário leva o pé na frente, quanto muito aceitaria o amarelo, mas é um lance que muda o jogo todo.
No lance que lhes dá o empate, eu não percebo as regras, ou sou ignorante em matéria de arbitragem – e tenho de ter cuidado com o que digo, para não levar com um processo e prejudicar o clube –, mas vejam o Nakajima a ser agarrado ostensivamente, à frente do árbitro auxiliar e com o VAR [videoárbitro] na Cidade do Futebol. Para o Portimonense parece que só existe para tomar decisões contra nós. Pelo menos é o que tem acontecido, é factual.
Digo que não me surpreendeu, porque já na primeira parte qualquer encosto nosso era falta. Fica difícil de entender, porque já disputámos tantos jogos e os critérios não são uniformes. Acabamos por não entender, talvez tenhamos de ir fazer um curso.
É um resultado muito penalizador para o que a equipa trabalhou. Ainda temos duas boas ocasiões de golo, mas, por mera infelicidade, não conseguimos o empate. Parabéns a quem se estreou, a quem deu tudo de si, mas foi muito difícil.
Além de lesões e castigos, houve três casos positivos de covid à última hora, que nos tiraram Samuel Portugal, Lucas Possignolo e Carlinhos. Tivemos de arranjar soluções e acho que tínhamos o jogo muito bem controlado.
Se fosse um jogo dos ‘grandes’, ia falar-se a semana toda. Mas como é o Portimonense, vai passar uma imagem rápida e ninguém vai perceber nada do que me estou a queixar.”
Pako Ayestarán (treinador do Tondela): “Para nós, ou para qualquer equipa que lute pela manutenção, todos os jogos são importantes e todas as vitórias cruciais.
Fomos muito proativos desde início. Talvez no primeiro tempo nos tenha faltado algum ataque à profundidade e, com todo o domínio que tivemos, gerámos poucas situações de perigo no último terço e poucos remates.
No segundo tempo, começámos melhor e fomos capazes de superar as dificuldades impostas pelo Portimonense. Sabíamos que se continuássemos proativos podíamos dar a volta ao resultado e foi isso que aconteceu.
[Expulsão ajudou?] Sim, mas também estamos cansados de ver situações de superioridade numérica em que, às vezes, essas equipas têm dificuldades. As situações em que nos custava receber a bola entrelinhas no meio campo do adversário, com movimentos interiores, passaram a resultar e os golos surgiram.”
Jogo no Estádio Municipal de Portimão
Portimonense – Tondela, 1-2
Ao intervalo: 1-0
Marcadores:
1-0, Angulo, 34 minutos.
1-1, Undabarrena, 80.
1-2, Boselli, 88.
Equipas:
– Portimonense: Kosuke Nakamura, Moufi, Willyan, Filipe Relvas, Sana Gomes, Henrique Jocu, Ewerton, Nakajima, Anderson Oliveira, Aponza (Fabrício, 58) e Angulo.
(Suplentes: Fabrício, Luquinha, Bruno Reis, Renato Júnior, Welinton Júnior e Marcus).
Treinador: Paulo Sérgio.
– Tondela: Pedro Trigueira, Tiago Almeida (Bebeto, 83), Eduardo Quaresma, Sagnan, Neto Borges, Avilés (Boselli, 61), Pedro Augusto (Tiago Dantas, 70), Undabarrena, Salvador Agra, Rafael Barbosa (Telmo Arcanjo, 83) e Daniel dos Anjos.
(Suplentes: Niasse, Ruben Fonseca, Boselli, Manu Hernando, Bebeto, Khacef, Tiago Dantas, Ricardo Alves e Telmo Arcanjo).
Treinador: Pako Ayestarán.
Árbitro: João Gonçalves (Porto).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Rafael Barbosa (42), Eduardo Quaresma (45+1), Avilés (45+2), Moufi (47), Willyan (66), Ewerton (68), Pedro Augusto (68), Telmo Arcanjo (90+2) e Sagnan (90+7). Cartão vermelho direto para Filipe Relvas (59).
Assistência: 848 espetadores.