Impróprio para cardíacos, o final do Rali de Mortágua, derradeira prova do Campeonato de Portugal de Ralis, que decidia o título, com Armindo Araújo e Ricardo Teodósio, ambos em Skoda Fabia Rally2 Evo, a serem os candidatos à sucessão do primeiro na lista de campeões.
Um pião no “qualifying” fez com que Armindo Araújo fosse o último a escolher a sua posição de partida e não teve outra alternativa senão abrir a estrada, o que é penalizador em pisos de terra.
Para agravar a situação, o até então campeão furou pouco depois de arrancar e, como consequência, bateu forte, ainda no primeiro quilómetro da especial de abertura, perdendo as hipóteses de lutar até ao fim pelo ceptro, mas podendo mantê-lo em função daquilo que o seu adversário fizesse.
A partir desse momento, Ricardo Teodósio sabia que, para conquistar o título precisava de vencer ou ser segundo e o mais rápido na “Power Stage”. Com a primeira classificativa anulada por o carro de Armindo Araújo não permitir a passagem dos restantes concorrentes, as hostilidades começaram na segunda prova de classificação, onde as coisas não correram bem para Ricardo Teodósio, que perdeu 18,9 segundos para José Pedro Fontes (Citroën C2 Rally2), o primeiro comandante da prova.
Com problemas na caixa de velocidades que ficou bloqueada em terceira, Ricardo Teodósio chegou ao fim da primeira volta pelas quatro especiais que compunham a prova em quarto lugar a 51,4 segundos do comandante, Bruno Magalhães (Hyundai i20 N Rally2), que tinha ascendido ao comando logo na segunda especial, onde José Pedro Fontes renunciou com problemas de alternador, e a 32,5 segundos de Miguel Correia (Skoda Fabia Rally2 Evo) que ocupava o segundo lugar.
Uma situação que não parecia favorável para as suas aspirações e a manter-se a situação Armindo Araújo revalidaria o título, mesmo estando de fora. Mas, sem nada a perder, Ricardo Teodósio atacou, foi recuperando terreno e à entrada da “Power Stage” era terceiro a 8,7 segundos de Miguel Correia e do segundo lugar, pelo que tudo se iria decidir nos 18,00 km da segunda passagem por Felgueira.
E para que não houvesse dúvidas quanto à justiça da conquista do título, Ricardo Teodósio “esmagou” a concorrência ao ganhar 13,3 segundos a Pedro Meireles (VW Polo GTi R5), 15,6 segundos a Miguel Correia e 19,4 segundos a Bruno Magalhães. Com este resultado, o piloto algarvio conquistou o segundo título da carreira, recuperando um ceptro que foi seu em 2019.
“Confesso que foi mau conquistar o título desta madeira. É bom conquistar o título, mas sem o meu adversário direto na luta não é tão bom. Gosto de ganhar com os meus adversários na estrada. Não aconteceu da maneira que gostávamos, mas também não foi um rali fácil, porque tivemos problemas com o carro. Tivemos de recuperar à tarde para ir de quinto até segundo”, sublinhou o piloto da Guia (Albufeira).
Com a vitória em Mortágua, Bruno Magalhães e Carlos Magalhães terminam a época do Campeonato de Portugal de Ralis de 2021 em terceiro lugar, com 4 pódios e 2 vitórias.
“Estou muito contente por termos ganho este rali. Foi um campeonato muito competitivo, onde estivemos sempre na luta pelos primeiros lugares. Uma época difícil para nós, que acabou por ficar condicionada pelo atraso na homologação do Hyundai i20 N Rally2”, referiu o piloto de Lisboa.
O Team Hyundai Portugal agradeceu “aos fãs que apoiaram a equipa em todos os momentos de forma muito calorosa, bem como a todos os patrocinadores que estiveram connosco nesta época. Aos vencedores do Campeonato de Portugal de Ralis 2021, Ricardo Teodósio e José Teixeira, os nossos parabéns”.
Armindo Araújo, que precisava de ser pelo menos segundo, perdeu o título por apenas um ponto: “Infelizmente, sofremos um furo no primeiro quilómetro e, numa travagem mais forte, poucos metros depois, saímos de estrada», começou por referir o piloto tirsense”.
“Não havia nada a fazer e, dado o resultado conseguido pelo Ricardo Teodósio, não conseguimos revalidar o título por um ponto. Não era este obviamente o desfecho que procurámos e que trabalhámos toda a temporada, mas os ralis são mesmo assim. Muitos parabéns aos vencedores, a todos os que acreditaram em nós e a toda a minha equipa. Para o ano estaremos cá de novo para poder lutar pelas vitórias e pelo título”, concluiu Armindo Araújo.
Carlos Fernandes e Valter Cardoso vencem nas Duas Rodas Motrizes
Com uma prova notável, Carlos Fernandes e Valter Cardoso asseguraram em Mortágua o título de Duas Rodas Motrizes, concluindo a prova do Clube Automóvel do Centro a vencer todas as especais e com um avanço de mais de cinco minutos para os segundos classificados.
De acordo com Carlos Fernandes, “este é o meu primeiro título nacional nos ralis. Foi também a primeira vez que participei a tempo inteiro num campeonato nacional. Passei em todos os escalões, regionais, FPAK, Taça de Portugal, esses campeonatos todos, tinha ganho o Peugeot Modelstand, vice-campeão da copa, mas nunca tinha feito o Campeonato Portugal de Ralis. Este ano focámo-nos um pouco nesta competição, foi a primeira vez, ganhámos, para mim é uma grande felicidade, ganhar aqui um título como este”.