Alexander Kristoff (Uno-X) demonstrou esta quarta-feira que a organização da Volta ao Algarve em bicicleta acertou ao entregar-lhe o Prémio Prestígio ao sprintar para a vitória, e para a amarela, na primeira etapa da 49.ª edição.
O experiente sprinter norueguês estragou o plano da Soudal Quick-Step, que pretendia levar Fabio Jakobsen ao quarto triunfo consecutivo em Lagos e torná-lo no ciclista no ativo com mais vitórias em etapas na ‘Algarvia’, impondo-se em 04:49.25 horas, à frente do belga Jordi Meeus (BORA-hansgrohe) e do seu lançador e compatriota Soren Warenskjold, com o campeão europeu de fundo a ser apenas quarto.
“É fantástico. Fiz este sprint outras duas vezes na minha carreira e sempre sprintei relativamente bem… É a primeira vez que ganho aqui em Portugal, e é um pouco um alívio começar a vencer na parte inicial da época, a pressão diminui [para a restante temporada]”, confessou após somar o 87.º triunfo de um currículo que conta com quatro etapas no Tour, a Volta a Flandres (2015), a Milão-Sanremo (2014) ou a Gent-Wevelgem (2019).
O sentimento de cruzar a meta em primeiro pode ser “indescritível”, como o próprio assumiu, mas a alegria de subir ao pódio com a camisola amarela foi bem visível, com o norueguês de 35 anos a ser ladeado por dois representantes de equipas nacionais: o ‘azarado’ Aleksandr Grigorev (Efapel), que, depois de ser eleito mais combativo da primeira etapa, ficou envolvido numa queda aparatosa já dentro dos 10 quilómetros finais, e António Ferreira, o ‘miúdo’ da Kelly-Simoldes-UDO que é o primeiro líder da montanha.
Ainda não estavam percorridos 20 dos 200,2 quilómetros da primeira etapa, que partiu de um Portimão ‘molhado’, e já Grigorev, Ferreira e Alexander Kamp (Tudor) andavam na frente, sendo alcançados, depois, por Rafael Lourenço (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense) e Sergio García (Glassdrive-Q8-Anicolor).
O quinteto ganhou uma vantagem que estabilizou nos dois minutos, por obra da Soudal Quick-Step, que foi auxiliada na perseguição pela portuguesa Aviludo-Louletano-Loulé Concelho.
Lourenço foi o primeiro dos fugitivos a ceder, ‘condenado’ pela contagem de terceira categoria de Nave, que confirmou António Ferreira como primeiro camisola da montanha da 49.ª edição da ‘Algarvia’, com Grigorev e Kamp a serem os últimos resistentes da fuga – foram alcançados apenas a 12 quilómetros da meta.
O ‘guião’ da chegada há muito que estava traçado pela Soudal Quick-Step, que acelerou o ritmo nos derradeiros 30 quilómetros para levar Jakobsen ao quinto triunfo na prova, e nem uma queda aparatosa a 8,5 quilómetros da meta, na qual ficaram envolvidos, entre outros, Mauricio Moreira e Frederico Figueiredo, os líderes da Glassdrive-Q8-Anicolor que foram vencedor e ‘vice’ da última Volta a Portugal, Grigorev e Joel Suter (Tudor), ‘descarrilou’ o ‘comboio’ dos sprinters.
Nessa altura, já a Uno-X se perfilava para Kristoff, lado a lado com a Trek-Segafredo e a Alpecin-Deceuninck, mas também com a BORA-hansgrohe, com Jai Hindley bem visível na frente, cortando a meta com o mesmo tempo do vencedor, assim como João Almeida (UAE Emirates), Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty) ou os líderes da INEOS.
Na geral, o norueguês lidera com quatro segundos de vantagem sobre Meeus e seis sobre Warenskjold, graças às bonificações atribuídas pela primeira vez na ‘Algarvia’ desde 2017.
Os favoritos ao triunfo final vão partir na quinta-feira para os 186,3 quilómetros entre Sagres e a Fóia (Monchique), o ponto mais alto do Algarve onde uma contagem de primeira categoria coincide com a meta, com 10 segundos de atraso para o camisola amarela.