A Câmara de São Brás de Alportel assinala na quarta-feira os 70 anos do cineteatro da vila com uma sessão que inclui uma homenagem aos fundadores, a apresentação dos patronos e uma visita guiada ao equipamento pelo arquiteto Vítor Ribeiro.
Em comunicado, o município recorda que o cineteatro se assumiu, desde a sua construção, como um “marco de modernidade e referência urbana”.
Segundo a autarquia, o equipamento cultural “continua a ser, hoje, ainda que de forma diferente, esse espaço de comunhão que sempre foi, constituindo já parte inalienável do património comum dos são-brasenses”.
Sobre o Cineteatro São Brás
Inaugurado em 1952, este equipamento cultural tem assistido ao desenvolvimento cultural do concelho década após década.
Foi construído por um conjunto de amigos enamoramos pela sétima arte constituídos em empresa “Unidos”, numa época em que a sociedade são-brasense se dividia pelos salões, ora pelo mais seleto 1º Dezembro, ora pelo mais popular 1º de Janeiro, pelas festas privadas das famílias mais abastadas ou pelos arraiais populares que se organizavam aqui e ali, pelo apoio entusiástico e animada rivalidade entre o “bife” e o “charrinho pio”, o cineteatro, pelo contrário, constituía – como se de um templo se tratasse: o templo dos sonhos… – um espaço de comunhão.
Um espaço onde ricos e pobres, industriais e operários, doutores e analfabetos, velhos e novos, homens e mulheres, todos se encontravam e comungavam do mesmo fascínio pelas imagens animadas que davam vida àquela tela branca.
Um espaço onde, na sua semipenumbra, todos podiam esquecer, por breves instantes, a realidade do dia-a-dia e as diferenças que os separavam; e sonhar. Sonhar com vidas faustosas, aventuras épicas, viagens alucinantes, mundos desconhecidos, tesouros inimagináveis. Sonhar com a Elizabeth Taylor ou com o Paul Newman, com a Gina Lolobrigida ou com o Marlon Brando, com a Marilyn Monroe ou com o Alain Delon, partilhando as suas alegrias e tristezas, os seus amores e desamores, as suas aventuras e desventuras… Um espaço onde todos podiam imaginar-se a enfrentar os seus maiores medos ou o mais terrível dos monstros, a derrotar o mais pérfido dos seus inimigos, a conquistar o coração da mais bela das donzelas ou do mais galantes dos cavalheiros, a descobrir o mais rico dos tesouros, a superar a mais difícil e arriscada das missões ou, simplesmente… rir. Rir até mais não com as trapalhadas de um Cantinflas, de um Totó, de um Louis de Founès, de um Jerry Lewis… Rir para esquecer e ultrapassar as amarguras da vida ou para lembrar e celebrar aquilo que ela tem de mais belo e aproveitar da melhor forma os breves instantes que a mesma representa.
Setenta anos, é a bonita idade que o Cineteatro São Brás cumpre. 70 anos de memórias partilhadas, de muitas alegrias, mas também de algumas tristezas, que a vida é mesmo assim.
Tendo-se assumido, desde a sua construção, como marco de modernidade e referência urbana, o Cineteatro, continua a ser, hoje, ainda que de forma diferente, esse espaço de comunhão que sempre foi, constituindo já parte inalienável do património comum dos são-brasenses.