Nils Lofgren juntou-se a Neil Young e retirou a sua música do Spotify em protesto contra a desinformação sobre vacinas difundida pelo serviço de streaming através do podcast do comediante Joe Rogan.
“Há alguns dias, a minha esposa Amy e eu tomámos conhecimento de que Neil e Daryl [Hannah, esposa deste] se uniram a centenas de profissionais de saúde, cientistas, médicos e enfermeiros para criticar o Spotify por este promover mentiras e desinformação que estão a matar pessoas”, escreveu o guitarrista e membro do Crazy Horse e da E Street Band. “Quando essas mulheres e homens heroicos, que passaram as suas vidas a salvar as nossas, clamam por ajuda, não lhe viramos as costas por causa de dinheiro e poder”
“Retiro os últimos 27 anos da minha música do Spotify. Estou a entrar em contacto com as minhas editoras anteriores para que o mesmo aconteça com elas. Esperamos sinceramente que honrem os nossos desejos, tal como as de Neil fizeram”. De notar que, enquanto no caso de Neil Young, praticamente toda a sua música foi retirada do Spotify, uma vez que ao longo da sua carreira gravou para uma editora, a Reprise (do grupo Warner), parte da obra de Joni Mitchell – que se solidarizou com Young – está disponível no serviço, nomeadamente os discos lançados pela cantora canadiana através da Geffen (do grupo Universal).
Na quarta-feira, Neil Young retirou a sua música de Spotify. “O Spotify tornou-se o lar da perigosa desinformação sobre a covid. Mentiras vendidas por dinheiro”, denunciou Young, encorajando outros músicos a distanciarem-se da plataforma, tendo recebido o apoio do diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Antes, o autor de “Harvest” tinha feito um ultimato, exigindo a remoção da sua música se o Spotify continuasse a disponibilizar “The Joe Rogan Experience”, que é considerado o ‘podcast’ mais popular nos Estados Unidos.
O ‘podcast’, oferecido exclusivamente na plataforma depois de Spotify assinar com Rogan em 2020 um contrato de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros), tem sido repetidamente criticado por promover teorias de conspiração sobre o novo coronavírus e encorajar a não-vacinação. Uma carta assinada por 270 médicos e cientistas norte-americanos advertiu o Spotify há algumas semanas que a plataforma estava a permitir a divulgação de mensagens que prejudicam a confiança do público na investigação científica e nas recomendações de saúde.
A empresa afirmou ter a responsabilidade de encontrar um equilíbrio entre “a segurança dos ouvintes e a liberdade dos criadores” e recordou que desde o início da pandemia removeu mais de 20.000 episódios de ‘podcasts’ relacionados com a covid-19, em conformidade com as suas normas de conteúdo. Nos últimos dias, o serviço de streaming viu o seu valor de mercado cair 1,8 mil milhões de euros devido ao boicote de Neil Young e ao movimento #CancelSpotify
- Texto: Blitz do Expresso, jornal parceiro do POSTAL