Durante três dias, a cidade de Loulé transformou a sua imagem de localidade do barrocal algarvio para abrir as portas ao mundo e festejar os 18 anos do Festival MED. Milhares de pessoas de várias nacionalidades e culturas encontraram-se no coração do Algarve para celebrar a Arte, a união dos povos e, sobretudo, o regresso a uma vida normal em que a fruição cultural é fundamental.
E se, como referiu o vereador da Autarquia e diretor do evento, Carlos Carmo, “as expetativas eram altas”, a verdade é que a afluência do público ultrapassou tudo o que se previa, em especial na sexta-feira e no sábado, este último dia com lotação perto de esgotar.
Ruas cheias, calor atmosférico e humano, música de excelência, tal como o cinema, a poesia e outras manifestações culturais que aqui estiveram representadas, espaços decorados com as vibrantes cores do MED, cheiros e sabores a invadirem esta Zona Histórica… Mas, acima de tudo, um ambiente de fraternidade e cumplicidade entre gente de diferentes origens geográficas, faixas etárias, vivências e culturas.
As músicas do mundo foram o fio condutor de tudo o resto, é certo, com concertos bem longe do mainstream, na grande maioria com artistas absolutamente desconhecidos do público, mas essa descoberta é também uma das riquezas do MED.
Em vários registos, dos ritmos mais tradicionais às fusões, do afrobeat à cumbia, passando pelo jazz, reggae, eletrónica, funaná, ska, blues, salsa e muito mais, foi um autêntico caldeirão musical o que se ouviu nos 12 palcos do Festival MED.
Na história ficarão certamente os concertos de Maro, a menina que encantou a Europa com “Saudade Saudade” e que conseguiu lotar o Palco Cerca, naquele que foi o espetáculo inaugural da sua tour; os ucranianos GO_A que tiveram aqui um concerto também de apelo à paz; a festa dos chilenos Chico Trujillo, que com a sua cumbia revisitada conseguiram pôr a Matriz em delírio; e três espetáculos disruptivos, com artistas “fora da caixa”, que deixaram a plateia perplexa: Rodrigo Cuevas, Johnny Hooker e Scúru Fitchádu.
Dias intensos não só para o público mas também para uma cidade
A par disto, o visitante teve a oportunidade de ter outras experiências únicas, como passar o “Mystical Path”, a instalação artística de Beau McClellan na Rua do Município, ou logo ali ao lado, assistir a um filme musicado, por exemplo pelo grande Tó Trips, ouvir poesia recitada em diferentes línguas, no edifício do Atlético, sentar-se num confortável puff criado a partir da reciclagem de cartão pelos artistas do Loulé Design Lab, visitar os recém-inaugurados “Hammam” (Banhos Islâmicos) ou acompanhar a elaboração de um prato que segue a essência da dieta mediterrânica e da economia circular, apreciando depois esses sabores dos produtos locais.
Foram dias intensos não só para o público mas também para uma cidade, dos moradores ao tecido empresarial – restauração, comércio ou hotelaria – que desde 2019 aguardavam por este momento.
Em jeito de balanço, o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, realçou: “estamos bastante satisfeitos por ter o Festival MED de regresso, com toda a pujança, permitindo ter uma grande dinâmica na cidade, nomeadamente ao nível do comércio, restauração ou hotelaria”.
Neste momento a atenção da organização está já focada na edição de 2023 e nas melhorias que poderão ser introduzidas. ”Tentamos sempre fazer melhor de ano para ano. A cada dia, cada hora, cada minuto, temos sempre algo que identificamos que pode ser melhorado, pequenos aspetos que poucas pessoas identificam mas que nós valorizamos muito para que a experiência no Festival MED seja de excelência, desde a entrada até à saída”, considerou o vereador, Carlos Carmo.