A Escola Básica de São Luís, em Faro, era a única fechada no Algarve, devido à greve dos professores, num balanço “muito parcial”, que segundo o Sindicato dos Professores da Zona Sul, aponta para uma adesão de 85-90%.
“Numa altura em que dispomos de muito poucos dados, a Escola Básica de São Luís, em Faro, é a única que está encerrada quer pela ação dos professores quer pela dos funcionários”, disse à agência Lusa às 14:00 de hoje a coordenadora do Sindicato dos Professores da Zona Sul Ana Simões.
A sindicalista lamentou que estivesse a receber “poucos dados” sobre a adesão no distrito de Faro à greve dos professores contra a proposta do Orçamento do Estado para 2023, mas adiantou alguns números, “essencialmente de estabelecimentos do ensino pré-escolar e do primeiro ciclo”, que indicam que “a adesão pode rondar os 85-90%”.
Segundo a sindicalista, nas poucas escolas contactadas a adesão à greve está nos 85-90%, tendo dado como exemplo a EB1 de Brejos, em Albufeira (83%), o Jardim Infância de Ferreiras (83%), a EB1 do Rogil, em Aljezur (100%), a Escola Básica de Castro Marim (100%) e a Escola Básica de Altura, em Castro Marim (85%).
“É muito difícil de fazer um balanço geral sobre uma greve no próprio dia em que se realiza”, disse Ana Simões.
Os professores cumprem hoje uma greve nacional em protesto contra a alegada falta de investimento do Governo na educação, que entendem estar exposta na proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2023.
Em causa a valorização da carreira docente, o combate à precariedade e a necessidade de promover o rejuvenescimento do setor
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof), a Federação Nacional de Educação (FNE), o Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (SINDEP), a Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL) e o Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU), entre outras plataformas que convocaram a greve, exigem a valorização da carreira docente, o combate à precariedade e a necessidade de promover o rejuvenescimento do setor.
As várias estruturas sindicais associadas aos professores e educadores escolheram o dia de hoje para fazer coincidir a greve nacional com a intervenção do ministro da Educação, João Costa, na Assembleia da República, em defesa da proposta orçamental para o setor no próximo ano.
“É este subfinanciamento, que se está a tornar crónico, que impede a melhoria das condições de trabalho nas escolas, a melhoria das condições de aprendizagem dos alunos e, no caso dos profissionais docentes, que impede a tomada de medidas que confiram atratividade à profissão, levando os jovens professores a abandonarem, os jovens que concluem o secundário a não procurarem os cursos de formação de docentes e os mais velhos a ansiarem pelo momento da sua aposentação”, referiu em comunicado, em 20 de outubro, a Fenprof.
Já a FNE apelou à criação de estímulos para atrair professores para zonas mais desfavorecidas ou com falta de profissionais, à conclusão do processo de recuperação do tempo congelado e ao respeito pelos limites do tempo de trabalho, além da substituição do atual modelo de avaliação de desempenho.
Por sua vez, o SINDEP justificou o uso da “legítima arma da greve” na expectativa de que leve o Ministério da Educação a “voltar à mesa para uma verdadeira negociação e não para um mero ‘faz de conta que negociamos’”.
A estrutura sindical criticou ainda a ausência de uma medicina de trabalho para o setor.
A ASPL lembrou que Portugal fica aquém das metas de investimento no ensino observadas pela OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico e que deveriam ser aumentadas as verbas para eliminar o défice no custo anual de formação dos alunos e na carreira docente, enquanto o SPLIU defendeu um processo negocial sério com a tutela, resumindo que “este é o momento de os educadores e professores retomarem a união e assumirem o seu descontentamento de forma unida”.