Comparando as vagas disponibilizadas no início do concurso nacional de acesso, universidades e politécnicos públicos oferecerão em 2022/23 mais 1400 lugares do que no ano letivo anterior, num total de 53.640. A estes juntam-se 721 para os concursos locais (feitos em cada escola).
O aumento global é assim de 2,6%, de acordo com os dados do Ministério da Ciências e do Ensino Superior. Estes são os números com que arranca o concurso, mas no ano passado e perante um número recorde de candidatos, a tutela acabou por determinar mais tarde, já em setembro, um reforço inédito de três mil vagas.
Essas contas só poderão ser feitas no final e para já o que os números indicam é uma continuidade nas prioridades de formação e na tentativa de não agravar o desequilíbrio regional na oferta de lugares.
Começando pelos chamados “cursos de excelência” – aqueles onde os candidatos em 1ª opção com média superior a 17 valores excedem o número de vagas -, o Ministério autorizava um aumento na oferta até 10%, de forma a “mitigar a exclusão de excelentes alunos de cursos muito competitivos”. Entre as 46 licenciaturas e mestrados integrados que cumpriam este critério, verificou-se um aumento de 153 vagas, aquém do que era possível.
Mais de metade destas 46 formações mantiveram ou até diminuíram a oferta, na maioria dos casos por falta de capacidade física e de recursos para continuar a crescer. Foi o que aconteceu com a generalidade dos cursos de Medicina e só a Universidade da Beira Interior optou por abrir mais cinco lugares (de 140 para 145). Ao todo, são 1534 vagas no concurso nacional de acesso.
Esta oferta é complementada no ensino privado apenas com o curso da Católica recentemente aprovado (70 vagas em 2022/23) e há ainda os cursos de Medicina destinados a pessoas já licenciadas noutras áreas. É neste sentido que o Ministério realça, na nota enviada à comunicação social, um aumento de 5% na oferta nos últimos três anos.
No concurso do ano passado, Medicina no ICBAS da Universidade do Porto e Engenharia Aeroespacial no Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa exigiram as notas de candidatura mais elevadas. Os últimos alunos a entrar tiveram média de 19,03 valores e 19,05, respetivamente, numa escala até 20. No caso de Medicina no ICBAS, por exemplo, apresentaram-se 441 alunos em 1ª opção com média superior a 17 valores e só havia 155 vagas. As mesmas que agora.
A Universidade Nova de Lisboa também optou por não aumentar vagas nas licenciaturas em que o podia fazer.
A AJUDA DO PRR
Já Engenharia Aeroespacial no IST abre mais 10 e a mesma licenciatura em Aveiro mais 15. E há ainda um curso novo de Engenharia Aerospacial na Universidade do Minho. Esta instituição acrescenta também ao seu portefólio o curso de Ciência de Dados.
Estes são dois dos 22 novos cursos apoiados pelas verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e que se enquadram num dos objetivos definidos pelo Governo: aumentar em 10% os jovens diplomados em áreas STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática) nos próximos cinco anos, amentando em 18 mil o número de graduados face a 2020.
Só estes novos cursos financiados pelo PRR representam 642 vagas, sendo 365 disponibilizadas em Lisboa e Porto e 277 no resto do país, nota o Ministério.
Com 172 vagas e oito licenciaturas, a nova escola ISCTE-Sintra, dedicada às tecnologias digitais, economia e ciências sociais, é outra das instituições a contribuir para uma maior oferta no próximo ano letivo. Desenvolvimento de Software e Aplicações ou Matemática Aplicada à Transformação Digital são dois dos cursos em estreia. Já a Universidade do Porto, abre Literatura e Estudos Interartes, Matemática Aplicada e Desenho.
Além das competências digitais, em ciências de dados, sistemas avançados de informação e ciências e tecnologias do espaço, o Governo também definiu como essencial aumentar vagas nas licenciaturas em Educação Básica, atendendo à “necessidade premente de formação de professores”.
As instituições responderam abrindo mais 56 lugares, num aumento de 7% face ao ano passado.
MAIS LUGARES NO INTERIOR
Um dos princípios que tem sido seguido pelo Governo nos últimos anos tem sido a limitação do crescimento de vagas em Lisboa e Porto, permitindo uma maior expansão nas regiões com menor procura e pressão demográfica.
O próximo ano não será exceção: o número de lugares aumenta 3,8% nas instituições do interior, sobretudo graças à subida na oferta na Universidade da Beira Interior (mais 135), no Instituto Politécnico da Guarda (mais 11%) e ainda no de Bragança, que oferece mais uma centena de vagas.
As instituições de Lisboa e Porto aumentam a oferta em 2%, sobretudo por causa da expansão do ISCTE para Sintra (mais 16% de vagas no total) e da Universidade do Porto, que cresce 4% (mais duas centenas de vagas).
As candidaturas à 1ª fase do concurso nacional de acesso decorrem até 8 de agosto. A lista completa de vagas por curso/instituição pode ser consultada no site da DGES.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL