O realizador português Tito da Costa, 46 anos, investiu 10 anos na realização do ‘thriller’ americano “Road to Red”, que vai abrir a quinta edição do Surf at Lisbon (SAL) Film Festival, reconhecendo que faria tudo novamente.
“É uma história longa. Fiz o primeiro filme de surf português [‘Summer One’], um dos primeiro sítios na internet de surf da Europa e, em 2002, surgiu a oportunidade de ir estudar para os Estados Unidos, onde fiz um curso de realização de dois anos e durante o qual fiz três curtas-metragens. O passo seguinte era fazer uma longa-metragem, houve três tentativas sólidas, até que surgiu o conceito para o ‘Road to Red’”, explicou Tito da Costa , enquanto ultimava a legendagem do filme.
O filme, escrito, produzido, filmado, montado, editado e pós-produzido entre Hollywood, Lisboa e Aljezur, é um ‘thriller’ de acção, que conta a transformação de uma ‘road trip’ de cinco amigos numa luta pela sobrevivência, com muito surf, skate e música.
“Juntei o útil ao agradável, encanta-me ter feito um filme com surf, porque sou grande fã de filmes com este desporto, não podia encaixar melhor, sou surfista e skater desde pequeno e, apesar de ser uma fábula, 100% ficção, acho que consegui um nível de realismo pouco habitual. Fiz questão que os actores fossem surfistas e soubessem andar de skate, minimizando a percepção quanto à presença de duplos”, frisou o antigo campeão português de longboard.
Em declarações à agência Lusa, Tito da Costa afirmou que este projecto “foi extremamente ambicioso para um primeiro filme”, admitindo que foi imperceptível na fase de escrita, e que os atrasos ficaram a dever-se ao seu amadurecimento e consequente aumento de exigência e de algumas “peripécias”.
“O primeiro grande atraso ficou a dever-se à fractura de um pulso de um dos actores principais, que teve de ser submetido a três intervenções cirúrgicas, ficando dois anos sem poder filmar, porque ele estava envolvido em tudo”, referiu.
Superada a lesão do actor, as filmagens foram retomadas, com grande parte das cenas de surf em Portugal, avançado para a pós-produção, num trabalho de dois anos.
“Depois não aceitei o trabalho da equipa de efeitos especiais, porque é um filme de ficção, mas não de ficção científica. O orçamento estava gasto e eu ofereci-me para fazer os efeitos especiais. Fiz, demorei mais dois anos e o último ano foi praticamente apenas para a finalização técnica”, acrescentou.
Tito da Costa apresentou ainda outros motivos para a demora, como a utilização de 115 localizações: “Algumas cenas com três e quatro localizações diferentes e a maior parte são sítios especiais, como lagos secos, onde é possível andar de skate, e um onde é possível estar 40 minutos debaixo do chão. Aliás, só temos um cenário”, acrescentou.
“Gostava de ter tido o filme antes, mas sei que não seria o mesmo se tivesse ficado pronto há cinco anos. Dentro das limitações orçamentais, acho que é o melhor que podia ser”, sublinhou, respondendo, sem hesitar, apesar de reconhecer ter investido “o quarto de uma vida”, que “faria tudo novamente”.
Concluído “Road to Red”, o filme vai abrir o SAL, que vai decorrer de 17 a 20 de Novembro, no Cinema São Jorge, em Lisboa.
“É uma honra e um privilégio poder mostrar o filme aos portugueses em primeira mão, no SAL, que é um projecto que apoio desde a primeira hora. Quanto à curiosidade, é uma produção de Hollywood, com um realizador português, música, roupas e pranchas portuguesas e com as cenas de surf filmadas nas ondas portuguesas”, concluiu.
(Agência Lusa)