Radicado no Algarve desde os 33 anos, José Luís Leite da Silva Louro, [ou professor Louro como sempre o conheci e tratei] é um nome absolutamente incontornável do teatro em Faro e na região, há-os outros, mas este é um deles.
Professor, encenador, programador cultural, esteve na génese de várias companhias de teatro na região e estabeleceu ligações com muitas mais e com várias gerações de actores, de amantes e de enamorados do teatro.
Semeou – que outro termo não existe – teatro e cultura um pouco por todo o lado e um pouco nas almas de tanta gente e o plantio não foi em vão. Sin-Cera e ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve são apenas dois dos exemplos de companhias teatrais com créditos firmados no Algarve fundadas por si e casos acabados dos frutos de um percurso que teve tanto de pródigo como de tenaz.
Passou pela programação do Lethes e do Teatro Municipal de Faro e, mais uma vez, ali deixou a sua marca, estando sempre que fez sentido e deixando de estar quando assim lhe pareceu.
Enquanto encenador são vários os actores que experimentaram o saber e o estar de um homem que ajudou a construir discursos dramatúrgicos, a vingar ideias e visões conceptuais e a nascer personagens, explorando o melhor de cada homem e mulher de palco com a mestria e a calma de quem domina o que faz na procura de fazer sempre melhor.
Aos alunos encarou-os e desmistificou- lhes o teatro nos primeiros passos, cingiu-lhes o passo do caminho certo para entender a arte das tábuas, para perder os medos, para enfrentar o eu e eu feito outro da personagem.
A mim – perdoar-me-ão a intimidade – deu-me um pouco do muito de tudo isto e o prazer de poder ter consigo privado como aluno, como jornalista e conviva ocasional.
Sempre sereno e ponderado, de discurso amadurecido, a ideia que encontro para melhor o definir e a que marca o título deste texto, um homem impressionante que em todos quantos consigo se cruzaram não deixou de deixar profunda impressão.
José Louro recebe o Prémio Maria Veleda depois do primeiro galardão ter sido entregue o ano passado a Margarida Tengarinha
É este o homem que o júri do Premio Regional Maria Veleda escolheu para receber o galardão da Direcção Regional de Cultura neste ano de 2016. A distinção que pretende “destacar e reconhecer a actividade cultural de personalidades algarvias, protagonistas de intervenções particularmente relevantes e inovadoras na Região” e que na primeira edição foi atribuída a Margarida Tengarrinha, será este ano com tanto ou mais mérito atribuída a José Louro.
E que lugar melhor para receber o prémio do que o ‘eterno’ Lethes de Faro e – também – de José Louro. Exactamente por isso já amanhã, no dia 11 de Dezembro, pelas 16 horas, será ali que o ‘professor Louro’ o receberá.
Nas palavras da Direcção Regional de Cultura do Algarve “o júri deliberou, por unanimidade, distinguir com o Prémio Regional ‘Maria Veleda’
2016 o professor José Luís Leite da Silva Louro, por reconhecer que no seu percurso de vida os princípios de igualdade de género e de oportunidades, bem como do exercício de uma cidadania activa estão presentes na sua actividade de pedagogo e de cidadão, com uma participação cívica e cultural activa no Algarve, dando uma clara resposta aos critérios subjacentes à criação desta distinção”.
A cerimónia de entrega do galardão, com uma dotação de cinco mil euros, e uma medalha comemorativa contará com a presença do secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, do presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau, e da directora regional de Cultura, Alexandra Gonçalves.
Ao ‘homem por detrás do pano’, mas na frente de tantas gerações a semear teatro em profissionais, amadores e amantes da arte do palco, o prémio e o lugar mais do que merecidos na cena cultural do Algarve, o primeiro entregue já amanhã e o segundo, esse, já conquistado há tanto e simplesmente factual como resultado de um percurso que a tantos e tantos não deixou indiferentes.