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Paulo Pires, colaborador de anos do Cultura.Sul na rubrica “Sala de leitura”, chamou “Escrytos” à obra que lançou recentemente com a chancela da Arranha-céus e que apresentou em São Brás de Alportel ao público. Mas mais do que escritos, a obra é um repositório do pensamento de Paulo Pires, investigador, programador e acima de tudo homem da cultura, sobre a intervenção cultural na região, sobre a forma de promover a leitura no Algarve e sobre o que é, afinal, cultura numa região periférica e como se criam públicos nas suas diversas vertentes.
Textos do Cultura.Sul integram obra do autor algarvio
Entre textos publicados noutros órgãos de comunicação social “Escrytos” recolheu na forma de livro vários dos pensamentos que a pena de Paulo Pires trouxe à forma escrita nas páginas do caderno cultural mensal do POSTAL, o Cultura.Sul.
Ao agradecimento que o autor deixou ao POSTAL pela publicação dos seus textos durante os anos de parceria respondemos com um agradecimento igualmente grande e com o reconhecimento pela dedicação ao Cultura.Sul.
Antes de sermos parceiros neste percurso de pensar, debater e informar no Algarve sobre as temáticas da cultura, somos enquanto caderno cultural o resultado daquilo que tantos colaboradores como Paulo Pires publicam nestas páginas que, mês após mês, levamos até às mãos dos algarvios e não só, na região, no país e no mundo.
Um livro de reflexão que apela a essa mesma reflexão
“Escrytos” é um livro de reflexão, de várias reflexões, feitas por quem, se nota, é um amante e amador do pensamento e, se sabe, não receia o desafio que é debruçar-se sobre as temáticas da cultura.
É também um desafio ao pensamento crítico e à reflexão ela mesma feita aos leitores das linhas que Paulo Pires encheu de análise e ponderação.
São textos de quatro anos de produção do autor que mostram o quanto o Algarve tem para dar ao país, quer na cultura propriamente dita, quer no pensamento sobre a realidade da cultura enquanto objecto de estudo e enquanto desfaio permanente aos respectivos agentes.
Dividido em três grupos: Artes Performativas, Bibliotecas, livros, leituras e Cultura, programação, sociedade, a obra ganha sentido na ordem cronologicamente desarranjada mas profundamente ponderada que o autor imprimiu à sequência dos textos.
“Escrytos” soma quatro anos de abordagem das temáticas relacionadas com a cultura numa recolha de textos já publicados mas cuja actualidade é inegável, como sublinhou Ana Isabel Soares na apresentação realizada em São Brás de Alportel com o apoio da Câmara local.
Textos que Paulo Pires sublinha “inacabados” enquanto desafio ao pensamento de todos sobre os temas abordados e que constituem bons pontos de partida para que analisemos a realidade regional da mediação cultural, da divulgação da leitura, das redes de bibliotecas e de salas de espectáculos e da forma como se programa e para quem, bem como, sobre como se ganham públicos num trabalho infindável de reinvenção da forma de fazer programação cultural.
Na região não os há muitos, mulheres e homens, que pensem de forma tão afincada a realidade cultural do Algarve, todos os seus contributos são inestimáveis. Paulo Pires é em definitivo um deles e por isso mesmo o seu “Escrytos” é imperdível.
(Artigo publicado no Caderno de Artes Cultura.Sul)