
A intervenção neste Monumento Nacional, que permitiu recuperar totalmente o portal principal, em pedra, da antiga Sé de Silves, foi promovida pela Direcção Regional de Cultura do Algarve e realizada pela empresa Samthiago, Conservação e Restauro.
A empreitada, que contou sempre com o acompanhamento interessado da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição e da Câmara de Silves, incluiu “o portal, o varandim exterior e os pináculos, tendo sido efectuado o reposicionamento e consolidação das aduelas nas arquivoltas do portal (cuja instabilidade apresentava perigo para o património e para as pessoas), a limpeza de todas as pedras de silharia e juntas e o refechamento destas, e a pintura das portas em madeira do acesso principal à igreja e do vão que comunicava o varandim exterior com o antigo coro alto”, explica a Direcção Regional de Cultura do Algarve em comunicado de imprensa.
A operação foi efectuada no âmbito do Programa Operacional CRESC Algarve 2020, numa candidatura ao Eixo Prioritário 4 – Reforçar a Competitividade do Território, PI-6.3 – Conservação, Protecção, Promoção e Desenvolvimento do Património Cultural Natural, com um investimento total no valor de 72 mil e 910 euros, beneficiando de um financiamento de 60% do FEDER.
Intervenção foi desenvolvida em três fases
A intervenção foi desenvolvida em três fases: foi primeiro realizado um estudo de diagnóstico, encomendado pela Direcção Regional de Cultura do Algarve à empresa IN SITU, Conservação de Bens Culturais, Lda., no qual foram identificadas as patologias da pedra, nomeadamente colonização biológica, pátina, zonas com erosão, elementos a reintegrar, infestação de vegetação e patologias estruturais (desligamentos, fracturas, fissuras, fendas na estrutura e lacunas volumétricas); seguidamente efectuou-se a caracterização dos sais que provocavam a erosão, a lascagem, a desagregação observadas na pedra do portal – calcários dolomíticos de Silves –, um estudo encomendado pela DRCAlgarve à empresa PENTA, Património Cultural, cujos resultados permitiram programar uma intervenção consciente e adequada, quer ao nível dos materiais quer das técnicas a adoptar; finalmente, na sequência do procedimento concursal, a execução das obras foi adjudicada à Samthiago, Conservação e Restauro pelo valor de 52 mil e 635 euros, ficando a fiscalização da empreitada a cargo da empresa Procontrol, Projectos e Fiscalização, Lda., sendo a monitorização e controlo efetuadas pela equipa técnica da Direcção de Serviços dos Bens Culturais da DRCAlgarve.

Simultaneamente, a Câmara de Silves promoveu a rectificação das drenagens das águas pluviais do lado norte da antiga Sé, cujos defeitos eram a causa de muitas das patologias observadas na silharia do portal.
Para além dos melhoramentos no imóvel e na segurança dos seus utentes, espera-se que “esta intervenção contribua para o aumento das visitas ao monumento, que anualmente ultrapassam já as 45 mil, trazendo benefícios para a economia local e contribuindo para a sustentabilidade de uso da antiga Sé, um dos mais relevantes edifícios monumentais do Algarve, não só devido à sua plena compatibilidade com a fruição turística e religiosa mas também por se tratar de um edifício que – apesar das posteriores alterações e acrescentos, nomeadamente com uma interessantes exemplares de talha e imaginária – conserva a sua essência claramente gótica, que remonta maioritariamente ao século XV e é contemporânea da primeira globalização comercial da Época Moderna, tendo como particularidade os materiais utilizados na sua construção: o arenito vermelho e os calcários dolomíticos de Silves”.