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Sou um ninguém vindo de um país, onde tudo está em ruínas as casas, os monumentos… A dignidade no meio das ruínas desapareceu, como um fantasma por entre as paredes.
Estou exausto, sinto o meu coração pesado e a dor do seu esforço ao colocar o sangue a escorrer lentamente pelas minhas veias enrugadas devido à fadiga. Estou sozinho num grupo de vários iguais a mim, tentamos fugir da guerra, da fome, das bombas e armas, é a guerra da morte.
Finalmente chegámos à fronteira da Europa, com as solas dos sapatos numa largura de uma folha, pelo menos, valeu a pena gastálas até agora. No entanto, entrar na Europa já não podemos, um tal vírus invadiu os europeus e o mundo, foi o que o soldado nos disse num inglês misturado com o turco.
Fiquei parado juntamente com milhares de pessoas, há semanas. Dormimos em tendas onde os ratos e as baratas são a nossa única companhia de dia e de noite. Sem água potável ou comida decente, lutamos outra vez pela sobrevivência, já passámos por piores alturas. Agora é só esperar que o tal vírus não nos apanhe também, se assim acontecer, tudo o que lutámos, tudo o que percorremos, de nada servirá.