A primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior arranca hoje com mais de 52 mil vagas disponíveis em cerca dez mil cursos.
Entre hoje e 20 de agosto, os finalistas do secundário podem candidatar-se na primeira fase do concurso em que os lugares disponíveis aumentaram pelo sexto ano consecutivo, depois de, no ano passado, o concurso nacional de acesso ao ensino superior ter registado o maior número de candidatos das últimas duas décadas.
Segundo o jornal Público, no ano passado 31 cursos exigiam mais de 18 valores para entrar – incluindo sete mestrados em Medicina, bem como os cursos de medicina dentária de Lisboa, Porto e Coimbra, Gestão na Nova de Lisboa e Universidade do Porto e várias engenharias. Mas como já contou o Expresso, as formações mais exigentes acabaram por aceitar a aumentar a oferta, já que no despacho que orienta a fixação de vagas previa-se um aumento até 15% em todos os cursos com um índice de excelência superior a 100, ou seja, em todos aqueles que deixam de fora candidatos em 1ª opção com nota igual ou superior a 17 valores.
Eis alguns exemplos: Engenharia e Gestão Industrial na Universidade do Porto, cujo último aluno colocado no ano passado precisou de uma nota de candidatura de 19,13 valores (numa escala até 20) para entrar, passa de 90 para 100 vagas. Já Engenharia Aeroespacial no Instituto Superior Técnico, que também teve como nota mínima de entrada 19,13 valores, passa de 110 para 120.
A exceção é protagonizada pelas faculdades de Medicina, que, na generalidade, voltaram a recusar a abertura do ministro para aumentarem a sua oferta, depois de anos de congelamento de vagas. Assim, só a Universidade dos Açores decidiu somar seis vagas à sua oferta. Ao todo, os nove cursos de Medicina disponibilizam 1529 lugares. As notas mínimas de entrada no concurso do ano passado ficaram sempre acima dos 18 valores.
No total, as universidades e politécnicos disponibilizaram 52.242 vagas para o próximo ano letivo no âmbito do concurso geral de acesso, segundo dados disponibilizados pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES).
BALANÇO E CONTAS
As instituições de ensino superior de Lisboa e do Porto representam quase metade dos lugares disponíveis, e tiveram o maior reforço com mais de 200 vagas adicionais, em relação ao ano anterior, só nas universidades do Porto e na Nova de Lisboa.
A Universidade de Aveiro teve também um aumento semelhante, devido à abertura de três dos 17 novos cursos que vão passar a estar disponíveis no próximo ano e que representam, sobretudo, uma aposta em áreas de tecnologia.
Os números divulgados pela DGES há uma semana mostram também o aumento de 3% nas áreas digitais, sobretudo nas instituições em localizadas em regiões com menor pressão demográfica, onde o aumento foi de 3,4% nestes cursos e 2% na generalidade da oferta.
No entanto, e apesar de haver mais vagas do que aquelas disponibilizadas inicialmente para o concurso, os resultados dos exames nacionais levaram ao surgimento de algumas vozes que defendem um reforço ainda maior.
Este ano, as médias desceram em quase todas as disciplinas, para valores próximos das classificações médias obtidas em 2019, antes da pandemia da covid-19, tendo-se registado uma redução particularmente significativa em Matemática A, uma das disciplinas mais importantes para o ingresso no ensino superior (passou de 13,3 valores para 10,6).
Esta discrepância pode agora criar desigualdades entre os alunos que se candidatem ao ensino superior com a nota do exame realizado no ano passado e aqueles que utilizem a prova deste ano, um alerta feito inicialmente pela Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), e apontado também pelo Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup).
À semelhança dos professores de Matemática, também a presidente do SNESup concorda que o aumento do número de vagas poderia compensar os finalistas deste ano, mas Mariana Gaio Alves defende esse reforço sobretudo como uma aposta no ensino superior.
“As nossas médias de diplomados são ainda baixas em comparação com os restantes países europeus”, comentou, considerando que o aumento já registado em comparação ao ano passado é positivo, mas “ainda é pouco”, e defendendo também a melhoria das condições das instituições.
O aumento excecional não é, porém, a intenção do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que reiterou, em resposta a esse apelo, que a medida não está, para já, em cima da mesa, ainda que não afaste essa possibilidade “caso circunstâncias excecionais idênticas às do ano transato o voltem a exigir”.
À semelhança dos anos anteriores, a candidatura é feita ‘online’, através do ‘site’ da Direção-Geral do Ensino Superior (http://www.dges.gov.pt), onde também se pode pedir a senha necessária para realizar a candidatura ao ensino superior.
Nesta mesma página é possível ter acesso a toda a informação sobre cursos disponíveis, vagas e condições de acesso.
Este ano, os alunos também podem aceder ao sistema de candidatura utilizando a autenticação com o cartão de cidadão ou chave móvel digital.
Os resultados da 1.ª fase do concurso deverão ser conhecidos em 27 de setembro.