Carlos Paredes, mestre incontestável da guitarra portuguesa, completaria este domingo 100 anos. Para assinalar o centenário, um vasto programa de homenagens decorre em várias cidades do país, incluindo Faro, onde um concerto especial terá lugar na próxima terça-feira, segundo a Lusa.
A série de espetáculos sob o mote “Paredes”, iniciada este domingo em Coimbra, continua no Convento de São Francisco e seguirá depois para o Tremor, nos Açores, em abril. Faro junta-se a esta celebração com um evento que reforça a importância do músico na cultura portuguesa e o seu impacto intemporal.
Um legado imortal na música portuguesa
Carlos Paredes nasceu em Coimbra, em 1925, mas foi Lisboa a cidade que inspirou muitas das suas composições. O seu talento levou-o aos palcos internacionais, tocando ao lado de figuras como Charlie Haden e tendo o seu icónico tema “Verdes Anos” integrado no repertório do Kronos Quartet. Segundo a Lusa, a sua obra é “um testemunho da identidade musical portuguesa, marcada por uma profunda sensibilidade artística e um compromisso inabalável com a tradição da guitarra de Coimbra”.
Um homem de luta e convicções
Para além do seu papel na música, Paredes foi combatente antifascista, tendo sido preso pela PIDE no final da década de 1950 e encarcerado na Cadeia do Aljube e no Forte de Caxias. Numa publicação de 1978, citada pela Lusa, o músico refletia sobre a importância da arte na luta pela liberdade:
“Exigia o primeiro [período] situado em pleno fascismo e acompanhando o seu desenvolvimento e declínio até à libertação, em 1974, que se fizesse face à confusão de valores, à castração das artes, à substituição das formas de expressão mais conscientes por outras mais manipuláveis.”
Carlos Paredes via a cultura como um elemento essencial na construção de uma sociedade livre e participativa. Como escreveu, “as responsabilidades pela evolução da cultura pertencem, agora, em partes equivalentes, aos intelectuais e a todos os outros trabalhadores”.
Doença e despedida da guitarra
A sua ligação à guitarra portuguesa foi interrompida em 1993, quando lhe foi diagnosticada uma mielopatia, doença que lhe afetou a estrutura óssea e o impossibilitou de continuar a tocar. Ainda assim, gravou o seu último álbum, “Canção para Titi”, lançado apenas em 2000, segundo a Lusa.
Faleceu em 2004, mas o seu nome permanece imortal na história da música portuguesa.
Faro recebe homenagem ao mestre da guitarra
A cidade de Faro será um dos palcos da celebração do centenário de Carlos Paredes. O concerto, marcado para terça-feira, trará à capital algarvia uma homenagem especial ao guitarrista.
O programa oficial dos 100 anos de Carlos Paredes, intitulado “Variações para Carlos Paredes”, integra concertos, colóquios, publicações, oficinas educativas e roteiros que exploram a obra e a vida do músico. Segundo a Lusa, este plano foi desenvolvido por um grupo de trabalho coordenado por Levi Batista, executor do testamento de Paredes, com a participação de especialistas do Museu do Fado e do Arquivo Nacional do Som.
A programação completa pode ser consultada em aqui. O Algarve prepara-se assim para receber e celebrar o génio imortal da guitarra portuguesa, garantindo que a sua música ecoe por muitas gerações.
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