Um congresso e um concerto assinalam, a 23 e 24 de setembro, em Alcoutim e San Lucar de Guadiana (Espanha), o final de um projeto que, desde 2020, estudou os territórios fronteiriços do sul ibérico, anunciou a organização.
O “Congresso Internacional de Cultura de Fronteira e Património” vai realizar-se nas localidades vizinhas de Alcoutim e San Lucar de Guadiana, que se encontram nas margens portuguesa e espanhola, respetivamente, do rio Guadiana, e será a “atividade final” do “Projeto de I+D+I Património Cultural e Memórias Fronteiriças no Sul Ibérico”, desenvolvido nos últimos três anos, precisou a Câmara algarvia num comunicado.
O projeto foi realizado por equipas da Universidade Pablo de Olavide, em Sevilha (Espanha), e das Universidades portuguesas de Évora e do Algarve e teve como “principal objetivo”, segundo os investigadores, “divulgar e promover a investigação e intervenções no património transfronteiriço”.
Este trabalho foi realizado com a “cooperação e o envolvimento das diferentes experiências de investigação e intervenção em heranças transfronteiriças” e, no Congresso, serão “apresentados estudos de investigação e experiências em vários temas relacionados com a fronteira” do sul da Península Ibérica, antecipou o município.
Entre os eixos estratégicos que orientaram o trabalho estão as “Paisagens e Arquiteturas Transfronteiriças”, o “Património da cultura de fronteira: contrabando, movimentos populacionais, comércio transfronteiriço, afinidade e amizade”, o “Turismo fronteiriço e revitalização do património nas zonas despovoadas” ou as “Iniciativas e projetos de cooperação fronteiriça: dinamização cultural e despovoamento”, precisou a autarquia.
“O Congresso irá ter como enceramento o espetáculo musical ‘Coplas e Fado’, aberto à assistência das populações das duas vilas, com os cantores Mónica Severino e Sérgio Rodriguez acompanhados dos acordeonistas David Duarte e Rodrigo Maurício”, anunciou ainda o município, indicando que o espetáculo se realiza às 19:00 de dia 24, na Praça da República, em Alcoutim.
A organização definiu como destinatários do congresso “os investigadores de todas as disciplinas que abordaram o tema da conferência”, os “estudantes de graduação e pós-graduação” destas áreas e “pessoas com experiência em iniciativas públicas e privadas relacionadas com a cultura e o património fronteiriço”.
“Historicamente, o estabelecimento da fronteira entre Portugal e Espanha deu origem a um processo de demarcação de duas identidades distintas numa paisagem que até então se caracterizava por traços de continuidade a nível biofísico e cultural”, pode ler-se nos fundamentos do primeiro eixo de trabalho, sobre Paisagens e Arquiteturas Transfronteiriças.
A mesma fonte sublinhou que, “neste contexto, a fronteira constituiu um projeto fundamental para os monarcas” tanto de Portugal como de Espanha, que incentivaram o “povoamento”, a “fortificação” e a “fundação dos centros urbanos”, numa “organização e gestão da paisagem que é simultaneamente idiossincrático e um reflexo da realidade do outro lado”.
“Esta linha temática visa incentivar a reflexão sobre o património cultural da fronteira a diferentes escalas, desde as paisagens agroalimentares e o património construído (como estruturas defensivas e edifícios religiosos) a povoações de génese medieval e arquitetura doméstica e de produção (como moinhos de vento e água e lagares)”, exemplificou a organização.